A dor de parir um filho morto sozinha

  • 29 jul

A dor de parir um filho morto sozinha

No quarto 2, tem uma mamãe chamando seu bebê… vem, filho, vem…

E poucos minutos depois, ouve-se um chorinho animado de quem chegou nesse mundo cheio de Vida.

É lindo!

Mas, vejam bem, no quarto ao lado, tem uma mamãe silenciosa, um pai perdido,

Tentando não ouvir nem mesmo os próprios pensamentos,

Tentando ainda entender o porquê.

“Porque, meu Deus?”

Estão sozinhos.

Não sem receber os cuidados físicos necessários, a medicação,

As toalhas,

As informações. Isso não.

Sozinhos em sua dor!

Enquanto seu corpo trabalha, tentando deixar nasceu seu bebê,

Sem vida, a mãe escuta o som do seu choro misturado ao do bebê ao lado…

Porquê?

O médico sofre,

As enfermeiras sofrem,

Vejo seus rostos cheios de dor e perguntas também,

Mas outros partos chamam.

Precisam seguir. Tem outra família solicitando mais à frente. Não podem parar!

Esses casais precisam,

Devem receber cuidados especializados.

Precisam receber a assistência psicológica qualificada para viverem essa experiência com o respeito que merecem…

Precisam ser acompanhados por profissionais que sabem o que fazer,

O que dizer,

Que podem, pelo menos ali, naquele momento,

Parar tudo para estarem inteiros com sua história.

Estamos lutando por Assistência Psicológica no Parto!

Em todos.

Nos partos de bebês vivos,

Nos partos de bebês doentes,

Malformados,

Com risco de morte,

Mortos.

Porque TODO PARTO IMPORTA.

E somos muitos!

Mas precisamos ser mais e mais…

Precisamos unir forças.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

Compartilhe: