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Mamãe, eu sou a irmã mais velha! Mas você se esqueceu que eu ainda sou criança?

Mamãe, eu sou a irmã mais velha! Mas você se esqueceu que eu ainda sou criança?

Às vezes a gente se esquece…

E todos ao redor esquecem.

Começam as grandes tarefas para aquele ser ainda tão pequenino…

E ficamos imersas no puerpério, primeiro ano de Vida do bebê e toda aquela demanda exaustiva, intensa e porque não dizer “enlouquecedora”?

Quando percebemos, nosso pequeno primogênito cresceu tanto que já não pede ajuda para quase nada.

Será?

Será que não pede ajuda ou apenas mudou o jeito de comunicar que precisa de nós?!

“Você é o mais velho. Tem que dar exemplo!”

“Ahhh, agora perdeu o colinho pro irmão!”

“Você já é uma mocinha.”

“Cadê o rapaz do papai?”

Não há nada de errado em estimular o desenvolvimento dos nossos filhos e promover possibilidades para que desenvolvam suas habilidades emocionais.

Mas erramos, muitas vezes, sem perceber que estamos exigindo demais, pulando etapas, negligenciando cuidados necessários.

Muitas mamães procuram acompanhamento psicológico para lidarem melhor com a chegada do segundo ou terceiro filho, preocupadas com o “impacto” dessa convivência e eu sempre digo: seu filho vai entender a chegada do irmão (ã) à maneira que vocês, os pais, viverem essa experiência.

Vale aqui sugerir o olhar para a relação dos pais com seus próprios irmãos. O que está refletindo agora?

Nossos filhos estão a aprender quase tudo com a gente! Quase tudo!

Irão aprender riquezas que levarão por toda a vida entre eles, entre irmãos! Cabe a nós promover a saúde dessa relação.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

luto materno e paterno

Luto materno e paterno

Luto materno e paterno

Nossa tendência é acreditar que “evitar” a tristeza é uma forma de não senti-la. Mas a tristeza – por toda a vida – é inevitável e somente dando ATENÇÃO às feridas é que, de fato, poderemos curá-la.

Nesse post vamos falar sobre a dor do luto e de forma bem específica sobre o luto materno e paterno. –

Quando uma mãe perde um filho é imprescindível o apoio e suporte da família, porém é mais difícil ter esse suporte pois os parentes mais próximos também estão sofrendo e vivendo essa crise.

AOS PAIS QUE PERDEM O FILHO: não se afastem. Não tentem passar pelo luto sozinhos. “Não fomos feitos para atravessar crises sozinhos.”

Aceitem o colo. Aceitem os cuidados que virão de maneiras diversas e dentro das possibilidades de cada um de seus parentes e amigos. Entendam que, muitas vezes, algumas pessoas que amamos irão se afastar, pois não sabem o que fazer ou acreditam não poder ajudar efetivamente.

AOS FAMILIARES E AMIGOS: ouçam! Apenas ouçam e estejam atentos aos “sinais” que o casal possa dar. Dê-lhe tempo para expressar, lembrando que o tempo de luto é SINGULAR. Não há receita, não há prazo… Estejam por perto e deixem que os pais enlutados mostrem de quais cuidados estão precisando. RESPEITEM o formato do luto! O luto é algo tão intenso e íntimo, que vocês podem nem mesmo reconhecer os comportamentos dos pais, que também estão tentando se reestruturar. (Ou por algum tempo nem tentem se reestruturar!)

O SILÊNCIO é um bom recurso também. Ele é uma forma de estar presente, respeitar e, inclusive, ajudar a melhorar. OFEREÇA COLO. Sua presença é importante também, mas deve ser respeitosa. Avisar que está indo visitar é importante, pois muitas vezes os pais não querem receber visitas. –

Procure ENTENDER OS SENTIMENTOS dos pais. A raiva, os “porquês?”, a culpa e até mesmo a não aceitação são naturais no processo de luto. ACOLHA! Não se preocupe em encontrar razão no comportamento dos enlutados.

Especialmente a PERDA DE FILHOS é algo que tira toda a família do eixo por haver aí uma desordem do que acreditamos e entendemos como “normal”

 

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

Nasce uma mãe nasce um pai

Nasce uma mãe, nasce um pai

Nasce uma mãe, nasce um pai

Uma menina, filha, nascendo MÃE,

Um menino, filho, nascendo PAI.

 

São tantas exigências sobre o casal que recebe o filho e pouco cuidado com sua fragilidade.

Há dor.

Nascer dói.

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Há tanto mistério envolvendo os nascimentos e tudo emerge, ali, naquele tempo precioso, enquanto atravessam a ponte que separa o seu antes e depois. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Ah… existem tantas histórias e marcas sendo levadas juntas para o “lado de lá”. Experiências que não temos escolha, senão (Re) nascer com elas. E quanto a isso, pouco sabemos. Pouco se fala. Pouco se prepara…
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Ao nascer mãe, há também despedidas, perdas, lutos,

Ao nascer, pai, muito se enterra.

Por trás de cada nascer, há tanta história. Há tantos lutos, dores, vazios… ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Dói! Nascer dói.

E já nascemos uma vez

Já tivemos o nosso começo de vida. Nossos pais já estiveram aí, parindo-se… e como deve ter sido difícil para eles também… sempre é… ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Cuidemos do começo da vida,

Das mulheres,

Dos homens,

e dos bebês que nascem. ❤️❤️❤️

 

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

As mães também desistem

As mães também desistem

As mães também desistem

Quando ela chorou na gravidez, ninguém viu.

Quando ela disse que tinha medo do parto,

Ninguém viu.

Quando o sorriso não era real, mesmo tendo um bebê lindo e saudável no braços,

Ninguém viu.

Quando ela teve privação do sono,

E pensamentos enlouquecedores,

Ninguém viu.

Quando ela passou dias inteiros mergulhada…

No bebê,

Nela própria,

Em suas dores, seus traumas,

Seus medos, sua solidão,

Ninguém viu.

… Será que ela tentou mostrar? Será que pediu socorro? Ou fingiu, aguentou firme até não suportar mais?

Ninguém viu.

Ninguém viu sua vontade de desistir.

Mas ela desistiu.

Foi entregando os pontos,

Foi SE entregando. SE esquecendo.

Deixando de ser.

Foi então que ela “pulou”…

E, então, todos viram.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo