mãe chorando

Ser mãe dói

Ser mãe dói

Seria mais fácil não ser…

Ainda na gestação, o medo, a ansiedade,

Não saber se está tudo bem com o bebê.

As dores lombares, o refluxo, não conseguir dormir…

No parto, as dores. Durante… depois…

Se olhar no espelho e tantas vezes nem se reconhecer.

A gente sangra. Dói.

Ser mãe dói.

Dói não entender o motivo do choro,

Dói amamentar. Dói não amamentar.

Dói o medo do engasgo,

O medo dói…

Ser mãe dói porque dói a dor de outras mães,

Dói a dor da nossa mãe,

A culpa dói.

Errar com os filhos, dói.

Dói quando dói neles…

A separação,

Um dodói,

Uma febre,

Uma derrota,

Os “nãos” que a vida dá.

Dói, dói muito, o medo de perdê-los.

Tira o sono, o apetite.

Dói não controlar.

Não ter certeza.

“Estavam na creche! Estavam na escola! E morreram…”

Dói não poder protegê-los de todo o mal…

Dói muito!

Dói uma dor que dilacera a alma da gente…

Mas se dói tanto, por que tê-los?

Porque sonhar com sua chegada vale a pena,

Sentir suas mexidinhas na barriga, vale a pena,

Vê-los pela primeira vez, nos reinicia!

Seu sorrisinho, ilumina,

Ouvir “mamã”, seu abraço com aqueles bracinhos,

Sua gargalhada,

Seus primeiros passos,

O primeiro “eu te amo, mamãe”,

Tudo isso, CURA!

Suas conquistas, suas histórias…

Vê-los crescer, CURA!

Cada nova chance, cada nova etapa,

Curam a dor vivida.

O nosso corpo, mente e coração guardam marcas doídas.

E o amor que sentimos, que mais parece um sopro de Deus em cada ferida,

Cura tudo. Todo dia e para sempre. ❤️

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

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Mamãe, eu sou a irmã mais velha! Mas você se esqueceu que eu ainda sou criança?

Mamãe, eu sou a irmã mais velha! Mas você se esqueceu que eu ainda sou criança?

Às vezes a gente se esquece…

E todos ao redor esquecem.

Começam as grandes tarefas para aquele ser ainda tão pequenino…

E ficamos imersas no puerpério, primeiro ano de Vida do bebê e toda aquela demanda exaustiva, intensa e porque não dizer “enlouquecedora”?

Quando percebemos, nosso pequeno primogênito cresceu tanto que já não pede ajuda para quase nada.

Será?

Será que não pede ajuda ou apenas mudou o jeito de comunicar que precisa de nós?!

“Você é o mais velho. Tem que dar exemplo!”

“Ahhh, agora perdeu o colinho pro irmão!”

“Você já é uma mocinha.”

“Cadê o rapaz do papai?”

Não há nada de errado em estimular o desenvolvimento dos nossos filhos e promover possibilidades para que desenvolvam suas habilidades emocionais.

Mas erramos, muitas vezes, sem perceber que estamos exigindo demais, pulando etapas, negligenciando cuidados necessários.

Muitas mamães procuram acompanhamento psicológico para lidarem melhor com a chegada do segundo ou terceiro filho, preocupadas com o “impacto” dessa convivência e eu sempre digo: seu filho vai entender a chegada do irmão (ã) à maneira que vocês, os pais, viverem essa experiência.

Vale aqui sugerir o olhar para a relação dos pais com seus próprios irmãos. O que está refletindo agora?

Nossos filhos estão a aprender quase tudo com a gente! Quase tudo!

Irão aprender riquezas que levarão por toda a vida entre eles, entre irmãos! Cabe a nós promover a saúde dessa relação.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

As mães também desistem

As mães também desistem

As mães também desistem

Quando ela chorou na gravidez, ninguém viu.

Quando ela disse que tinha medo do parto,

Ninguém viu.

Quando o sorriso não era real, mesmo tendo um bebê lindo e saudável no braços,

Ninguém viu.

Quando ela teve privação do sono,

E pensamentos enlouquecedores,

Ninguém viu.

Quando ela passou dias inteiros mergulhada…

No bebê,

Nela própria,

Em suas dores, seus traumas,

Seus medos, sua solidão,

Ninguém viu.

… Será que ela tentou mostrar? Será que pediu socorro? Ou fingiu, aguentou firme até não suportar mais?

Ninguém viu.

Ninguém viu sua vontade de desistir.

Mas ela desistiu.

Foi entregando os pontos,

Foi SE entregando. SE esquecendo.

Deixando de ser.

Foi então que ela “pulou”…

E, então, todos viram.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo