38

Mamãe, eu sou a irmã mais velha! Mas você se esqueceu que eu ainda sou criança?

Mamãe, eu sou a irmã mais velha! Mas você se esqueceu que eu ainda sou criança?

Às vezes a gente se esquece…

E todos ao redor esquecem.

Começam as grandes tarefas para aquele ser ainda tão pequenino…

E ficamos imersas no puerpério, primeiro ano de Vida do bebê e toda aquela demanda exaustiva, intensa e porque não dizer “enlouquecedora”?

Quando percebemos, nosso pequeno primogênito cresceu tanto que já não pede ajuda para quase nada.

Será?

Será que não pede ajuda ou apenas mudou o jeito de comunicar que precisa de nós?!

“Você é o mais velho. Tem que dar exemplo!”

“Ahhh, agora perdeu o colinho pro irmão!”

“Você já é uma mocinha.”

“Cadê o rapaz do papai?”

Não há nada de errado em estimular o desenvolvimento dos nossos filhos e promover possibilidades para que desenvolvam suas habilidades emocionais.

Mas erramos, muitas vezes, sem perceber que estamos exigindo demais, pulando etapas, negligenciando cuidados necessários.

Muitas mamães procuram acompanhamento psicológico para lidarem melhor com a chegada do segundo ou terceiro filho, preocupadas com o “impacto” dessa convivência e eu sempre digo: seu filho vai entender a chegada do irmão (ã) à maneira que vocês, os pais, viverem essa experiência.

Vale aqui sugerir o olhar para a relação dos pais com seus próprios irmãos. O que está refletindo agora?

Nossos filhos estão a aprender quase tudo com a gente! Quase tudo!

Irão aprender riquezas que levarão por toda a vida entre eles, entre irmãos! Cabe a nós promover a saúde dessa relação.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

Nasce uma mãe nasce um pai

Nasce uma mãe, nasce um pai

Nasce uma mãe, nasce um pai

Uma menina, filha, nascendo MÃE,

Um menino, filho, nascendo PAI.

 

São tantas exigências sobre o casal que recebe o filho e pouco cuidado com sua fragilidade.

Há dor.

Nascer dói.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Há tanto mistério envolvendo os nascimentos e tudo emerge, ali, naquele tempo precioso, enquanto atravessam a ponte que separa o seu antes e depois. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Ah… existem tantas histórias e marcas sendo levadas juntas para o “lado de lá”. Experiências que não temos escolha, senão (Re) nascer com elas. E quanto a isso, pouco sabemos. Pouco se fala. Pouco se prepara…
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Ao nascer mãe, há também despedidas, perdas, lutos,

Ao nascer, pai, muito se enterra.

Por trás de cada nascer, há tanta história. Há tantos lutos, dores, vazios… ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Dói! Nascer dói.

E já nascemos uma vez

Já tivemos o nosso começo de vida. Nossos pais já estiveram aí, parindo-se… e como deve ter sido difícil para eles também… sempre é… ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Cuidemos do começo da vida,

Das mulheres,

Dos homens,

e dos bebês que nascem. ❤️❤️❤️

 

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

IMAGEM 1 - Por quê viver preocupado demais com as futuras conquistas dos filhos pode impedir

Por quê viver preocupado demais com as futuras conquistas dos filhos pode impedi-los de vencer os obstáculos futuros?

Para começar é importante que se entenda que intervir em possíveis fracassos dos filhos, mesmo que essas intervenções sejam por amá-los demais e para evitar sofrimentos, pode impedi-los de aprendizados significativos.

Quando a criança se depara com uma situação de difícil saída e de possível fracasso, ela aprende muito durante o processo, ela aprende a ser criativa na solução de problemas, já demonstrando aí a autonomia que tanto desejamos aos filhos. Ela também aprende a ser conscienciosa, honesta e responsável pela solução do problema e pelas consequências dessas soluções. Porém, se esta criança tem pais ansiosos e inseguros, que estão a todo momento intervindo para evitar o sofrimento do fracasso, muito provavelmente ela irá assumir menos riscos intelectuais e começará a acreditar que ela não é tão inteligente quanto todo mundo vive repetindo. E, portanto, o melhor é se manter em segurança.

Pois bem, é isso que queremos aos nossos filhos? Que não assumam riscos (claro que estamos falando de riscos que não estão vinculados a saúde e segurança da criança) por insegurança?

Se nos preocupamos demais com as futuras conquistas de nossos filhos e assumimos o controle destas, estaremos impedindo nossos filhos de vencerem os obstáculos do caminho. Ao oferecer tudo aos filhos, estamos nos esquecendo que as melhores experiências de nossa infância surgiram ao enfrentar desafios, ao tentar coisas novas; quando fracassávamos e tentávamos novamente até conseguir algo com as nossas próprias mãos.

Todas as crianças começam a vida motivadas pelo desejo de explorar, criar e construir. Quando os bebês dão seu primeiro passo, é porque são guiados a descobrir e dominar o seu entorno. Portanto, o mais importante no ato de criar os filhos é evitar que eles percam essa força interna. Tente se lembrar de seu filho bebê, engatinhando pela sala e tentando abrir as gavetas, colocando os dedos em tomadas, tirando os livros do lugar. Essa mesma força leva as crianças nos primeiros anos escolares a aprenderem os nomes dos planetas e o gênero de cada dinossauro. Quando elas crescem, nosso objetivo deveria ser a preservação dessa curiosidade natural e da sede de descobertas. Mas, infelizmente, os métodos que utilizamos para mantê-las motivadas, como as recompensas externas (dinheiro, passeios, brinquedos), batem de frente com o que faz delas engajadas e interessadas.

Mas por que as recompensas externas não funcionam?

As recompensas externas, na verdade, funcionam a curto prazo, porém, perdem seu poder de controlar o comportamento na medida em que o tempo vai passando. A longo prazo elas não funcionam pois minam a motivação intrínseca, pois as pessoas costumam preferir tarefas de sua própria vontade e escolha pessoal. Ao ter de escolher entre ficar presa a uma tarefa obrigatória e fazer outra coisa, as pessoas escolheriam algo que fosse fruto de sua autonomia e autodeterminação. Podemos estender essa lógica ao trabalho quando adultos, boa parte das pessoas que conheço, inclusive as que recebem altos salários, são insatisfeitas com seus empregos, pois o dinheiro (recompensa extrínseca) não é o motivador, ele controla o comportamento do trabalhador, mas não o motiva. Somado a isso é importante relatar que tudo que os humanos percebem como controle se opõe a motivação de longo prazo, e isso também vale para o aprendizado.

Quer testar o que falamos aqui? Entre no quarto de seu filho mais novo e se ofereça para brincar com ele. Se você seguir o roteiro estabelecido por ele, tudo terminará bem. No entanto, se começar a impor seus objetivos e tentar forçar novas direções a diversão chegará logo ao fim.

Por fim, é claro que sabemos que não é possível permitir que nossos filhos, a depender da fase de desenvolvimento que estão, decidam por si mesmo o que devem ou não fazer. Porém, assim que seu filho for capaz de trabalhar sozinho, e talvez um pouco antes de se tornar independente, ofereça-lhe alternativas. Oferecer alternativas limitadas às crianças, ofereça expectativas negociáveis, por exemplo, se a sua expectativa é de que seu filho faça a tarefa de casa a tempo, esclareça a expectativa para a criança, mas deixe que seu filho (se estiver em idade mais velha) decida onde, quando e com quem fará essa tarefa. Isso não significa que você não tem voz, mas significa deixar a estratégia que não funciona de lado e ser criativo ao educar os filhos.

Dica de Leitura: Pais Superprotetores, Filhos Bananas, autora: Jessica Lahey.

Mariana Abuhamad
Especialista em Neuropsicologia – CRP: 08/19.814
[email protected]
Siga a autora no Instagram: @cognos.vc