Síndrome do impostor em empreendedores: como superar

  • post publicado em 30/10/23 às 22:08 PM
  • Tempo estimado de leitura: 5 minutos

 

A síndrome do impostor é um fenômeno psicológico comum, não restrito apenas aos empreendedores, mas também presente em diversas áreas da vida. Refere-se à sensação persistente de que, apesar de conquistar sucesso e reconhecimento, você não merece ou não é verdadeiramente competente, temendo que, eventualmente, seja revelado como uma fraude.

Sucesso não é um lugar

O sucesso não pode ser tratado como um destino final e estático, algo que só será alcançado no futuro distante. Em vez disso, ele deve ser encarado como uma jornada contínua, repleta de etapas e conquistas, cada uma delas digna de reconhecimento. Muitas vezes, as pessoas estabelecem metas que parecem quase inatingíveis, o que pode levar à subvalorização das pequenas vitórias conquistadas ao longo do percurso. Manter um registro de suas realizações e sucessos ao longo do tempo pode servir como um lembrete visual do seu potencial e progresso. É fundamental valorizar esses marcos que, somados, contribuem significativamente para moldar quem somos e quem estamos nos tornando.

“F5”

Em um mundo com mudanças rápidas no mercado de trabalho e demandas constantes nas carreiras, manter-se atualizado em relação a si mesmo pode ser um desafio. É essencial realizar uma autocrítica regular e melhorar a percepção de si mesmo, como pressionar o botão “F5” para se atualizar. Compreender a própria identidade não é tarefa simples, mas não deixe essa responsabilidade apenas para os outros. Dependendo apenas da visão alheia fará com que você fique refém das aparências, sem realmente conhecer quem você é de verdade.

Aqui estão algumas dicas fundamentais para superar a síndrome do impostor como empreendedor:

Reconheça e aceite a Síndrome: O primeiro passo crucial é reconhecer a síndrome do impostor e aceitá-la. Isso requer humildade para entender suas próprias limitações e a capacidade de reconhecer quando algo está além de suas habilidades. É fundamental entender que todos têm áreas em que precisam melhorar, e isso não faz de você um impostor.

Compartilhe Seus Sentimentos com Alguém de Confiança: Escolher uma pessoa de confiança com quem compartilhar seus sentimentos pode fornecer uma perspectiva valiosa sobre quem você é e o que você se tornou. No entanto, o objetivo não deve ser buscar elogios, mas sim obter uma visão sincera e objetiva de suas capacidades.

Estabeleça metas realistas: Defina metas que sejam desafiadoras, mas realistas. Metas inatingíveis podem aumentar a sensação de ser um impostor, enquanto metas alcançáveis permitem que você veja um progresso tangível e construtivo.

Aprenda a aceitar elogios com Gratidão: Quando alguém elogiar seu trabalho ou conquistas, aceite-os com gratidão. Evite minimizar seu próprio sucesso ou atribuí-lo apenas a fatores externos. Reconhecer e aceitar seu próprio mérito faz parte do desenvolvimento de uma autoimagem saudável.

Busque Feedback Construtivo: Peça feedback honesto e construtivo de colegas de trabalho, mentores ou pessoas de confiança em sua rede. Isso pode ajudar a validar suas habilidades e identificar áreas específicas nas quais você pode melhorar. Esteja aberto a críticas construtivas, pois elas são oportunidades de crescimento.

Eduque-se e treine continuamente: Investir em aprendizado contínuo e no aprimoramento de suas habilidades é essencial. Quanto mais você aprender e se desenvolver, mais confiança terá em suas capacidades e menos propenso será a sentir-se como um impostor.

 

Baixa auto estima ou síndrome do impostor?

A distinção entre síndrome do impostor e baixa autoestima é importante e tem sido explorada na psicologia. Embora a baixa autoestima possa ser um componente da síndrome do impostor, os dois conceitos não são sinônimos.

Síndrome do Impostor (Clance & Imes, 1978; Sakulku & Alexander, 2011): Este fenômeno psicológico refere-se à experiência de indivíduos altamente realizados que internalizam uma sensação de fraude, duvidando de suas próprias capacidades e atribuindo seu sucesso a fatores externos, como sorte. Isso ocorre mesmo quando há evidências objetivas de conquistas e habilidades. É uma experiência situacional, muitas vezes relacionada a contextos de sucesso ou reconhecimento.

Baixa Autoestima (Rosenberg, 1965; Branden, 1969): A baixa autoestima é uma visão negativa e depreciativa de si mesmo que transcende contextos específicos. Indivíduos com baixa autoestima geralmente têm uma autoimagem negativa e duvidam de suas habilidades, independentemente de suas realizações. Esse fenômeno afeta várias áreas da vida e não está necessariamente ligado ao sucesso ou ao fracasso em situações específicas.

Portanto, a síndrome do impostor é uma experiência mais específica, relacionada à autopercepção em situações de sucesso, enquanto a baixa autoestima é uma visão global negativa de si mesmo, independentemente de circunstâncias específicas. Ambos podem ser abordados por meio de intervenções psicológicas, mas a síndrome do impostor pode requerer estratégias adicionais para lidar com a autodúvida em situações de sucesso.

 

Mas de onde vem o termo?

As vezes pessoas comentam que foi um termo “inventado”, mas não é bem assim.

A ideia da síndrome do impostor não foi inventada por uma única pessoa ou originada de um único evento. Em vez disso, é um conceito que se desenvolveu ao longo do tempo por meio de observações e pesquisas em psicologia e psicoterapia.

O termo “síndrome do impostor” não foi cunhado pelas autoras Pauline Clance e Suzanne Imes em seu artigo de pesquisa de 1978, intitulado “The Impostor Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention”. Em vez disso, essas psicólogas exploraram a experiência psicológica em mulheres que, apesar de suas realizações notáveis, ainda se sentiam como impostoras.

No entanto, é importante observar que o termo “síndrome do impostor” como é amplamente conhecido hoje foi desenvolvido posteriormente e popularizado em outros trabalhos e discursos públicos. Embora o artigo de 1978 tenha lançado as bases para a compreensão desse fenômeno, o termo “síndrome do impostor” não foi formalmente definido no artigo original. Em vez disso, as pesquisadoras mencionaram experiências de auto dúvida e a tendência de algumas pessoas em desvalorizar suas realizações.

Assim, enquanto Clance e Imes desempenharam um papel fundamental na pesquisa sobre a síndrome do impostor, o termo em si foi desenvolvido e popularizado posteriormente, e não existe um link direto para o artigo de 1978 com informações sobre a síndrome do impostor conforme é compreendida atualmente.

 

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Dr. Danilo Suassuna

Doutor em Psicologia

CEO-Founder do Instituto Suassuna

Me. Caio Fábio Martins

Mestre em Psicologia

Consultor de Desenvolvimento Humano

Coordenador da Pós-Graduação em Gestão de Pessoas do IS

 

Referências:

Clance, P. R., & Imes, S. A. (1978). The Impostor Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention. Psychotherapy: Theory, Research & Practice, 15(3), 241-247.

Sakulku, J., & Alexander, J. (2011). The impostor phenomenon. International Journal of Behavioral Science, 6(1), 73-92.

Rosenberg, M. (1965). Society and the Adolescent Self-Image. Princeton, NJ: Princeton University Press.

Branden, N. (1969). The Psychology of Self-Esteem: A New Concept of Man’s Psychological Nature. Los Angeles, CA: Nash Publishing.

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Dr. Danilo Suassuna Martins Costa CRP 09/3697 CEO do Instituto suassuna, membro fundador e professor do Instituto Suassuna ; Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás(PUC-GO);

Especialista em Gestalt-terapia pleo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestal-terapia de Goiânia (ITGT - GO). Doutor e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008) possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Pós-Doutorando em Educação;

Autor dos livros:

  • Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico;
  • Renadi - Rede de atenção a pessoa idosa;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia; Teoria e Prática;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia: O cuidado como figura;

Foi professor da PUC - GO e do ITGT - GO entre os anos de 2006 e 2011; Membro do Conselho Consultivo da Revista da Aborgagem Gestáitica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad - hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC - Minas); Organizador do livro Supervisão em Gestaltt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia; Professor na FacCidade.

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