As mães também desistem

As mães também desistem

As mães também desistem

Quando ela chorou na gravidez, ninguém viu.

Quando ela disse que tinha medo do parto,

Ninguém viu.

Quando o sorriso não era real, mesmo tendo um bebê lindo e saudável no braços,

Ninguém viu.

Quando ela teve privação do sono,

E pensamentos enlouquecedores,

Ninguém viu.

Quando ela passou dias inteiros mergulhada…

No bebê,

Nela própria,

Em suas dores, seus traumas,

Seus medos, sua solidão,

Ninguém viu.

… Será que ela tentou mostrar? Será que pediu socorro? Ou fingiu, aguentou firme até não suportar mais?

Ninguém viu.

Ninguém viu sua vontade de desistir.

Mas ela desistiu.

Foi entregando os pontos,

Foi SE entregando. SE esquecendo.

Deixando de ser.

Foi então que ela “pulou”…

E, então, todos viram.

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

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A importância do acompanhamento psicológico na gestação

Sabemos que a gestação é um momento de grandes mudanças na vida da mulher, do casal e da família. Para que essas transformações aconteçam de uma forma mais suave, é essencial que a mulher seja acompanhada por um psicólogo perinatal, especialista na psicologia focada na gestação, parto e pós-parto.

A construção do processo gestacional começa na nossa própria gestação – como fomos geradas, a via de parto, o vínculo com nossa mãe, a amamentação, a infância e a maneira como idealizamos a maternidade.

Ao longo das 40 semanas de gravidez, não é somente o corpo que passa por mudanças: são modificados aspectos físicos, psíquicos, cognitivos e sociais. Porém, muitos profissionais de assistência da saúde têm em mente somente o cuidado fisiológico com o pré-natal obstétrico, deixando de lado os outros fatores, tão fundamentais quanto a saúde da mãe e do bebê.

À medida em que as semanas gestacionais avançam, emergem os mais diferentes sintomas, como enjoos, azia e sono. É um período de intensas transformações: não somos as mesmas mulheres, e não sabemos em quem estamos nos transformando, pois são rápidas e constantes as mudanças, assim como o aumento da barriga.

Emoções também se manifestam, tanto pela alegria da descoberta, quanto pela preocupação pela vida que está por vir. Será que vou conseguir segurar o bebê? Será que ele vai ser saudável? Meu corpo voltará ao normal rápido? Serei uma boa mãe? Saberei educar? Manterei meu trabalho após a licença maternidade? Meu marido ainda me desejará? Teremos recursos financeiros suficientes para criar com dignidade uma criança?

Todos esses questionamentos vêm em conjunto com os sintomas e se misturam com as mais diversas preocupações. Ficamos sensíveis, irritadas, carentes e muitas vezes não valoramos essas sensibilidades… por isso o acompanhamento é fundamental. Precisamos nos reconhecer em meio a tantas mudanças; saber o que é “normal” durante esse período, como podemos ajudar a mulher, o marido e todos envolvidos com a gravidez a vivenciar esse momento de maneira saudável e proveitosa.

O cuidado não deve ficar restrito à saúde física, pois sabemos o quanto a saúde emocional impacta a fisiologia do corpo, e na mulher grávida isso fica ainda mais evidente. O profissional indicado para caminhar com ela nesse período é o psicólogo especialista no começo da vida!

Mariana Saloio

Psicóloga Perinatal na Organização De Umbiguinho a Umbigão

Foto de Leah Kelley no Pexels