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Educar sem complicar

Educar sem complicar

Preste atenção nos filmes que você tem em casa e assista com seus filhos. Quantos deles possuem protagonistas femininas? E como são elas? São meninas mulheres fortes ou estereotipadas?

Desde sempre os filmes são poderosas ferramentas que contribuem de forma significativa para o desenvolvimento do autoconhecimento, senso crítico, valores morais e virtudes das crianças!

Nesse cenário é possível compreender quão relevante é mostrar para meninos e meninas o significado dos movimentos atuais, incluindo o cenário onde a mulher luta cada vez mais por espaço e tem cada vez mais voz!

Oferecer um arsenal variado de personagens mulheres para as nossas crianças é fundamental! Para as meninas, se identificarem com personagens principais ativas e diversificadas ajudam a desenvolver a autoestima e acreditarem que são capazes de ser tudo aquilo que sonharam. Quando elas se deparam com isso, entendem inconscientemente que também podem conduzir as próprias narrativas.

Desse modo, quando o cinema coloca protagonistas femininas desempenhando papéis importantes, transmite a ideia de que as mulheres podem sim ser o que quiserem.

Virgínia Suassuna
Psicóloga, Fundadora do Instituto Suassuna
@virginiasuassuna

Transtorno de Conduta

Transtorno de Conduta: a Carência por Trás da Violência

A adolescência é um período de complexas mudanças neurofisiológicas, psicológicas, morfológicas, motoras, cognitivas que envolve processos primordiais: a definição da identidade (sexual e subjetiva), a independência, a emancipação dos pais e de todo sistema humano impositor de crenças, normas e comportamentos. É o tempo da oposição para a autoafirmação para que seja instaurado os próprios valores morais e éticos, o que suscita um constante conflito de poder entre um indivíduo e outro, e o ambiente.

Diante desses imensos e intensos dramas da afirmação do eu, os comportamentos transgressores se tornam consequência das atitudes egocêntricas e de onipotência do adolescente que, aliadas ao desejo de aventura, impulsiona-o a experimentar tudo e abuse de tudo (sexo, álcool, velocidade no trânsito), tendo comportamentos inadequados, agressivos e, muitas vezes, delinquentes.

O transtorno de conduta é diagnosticado quando o adolescente apresenta violência física e verbal frequentes, mentiras para obter bens e favores, para esquivar-se de obrigações; quando realiza furto, roubo com armas, destruição da propriedade alheia. Os comportamentos infratores desse adolescente consistem em infringir frequentemente normas da casa, fugir da escola, agredir colegas, humilhar, constranger aqueles que identifica como frágil, indefeso ou com alguma deficiência ou diferença na aparência.

Sua conduta pretende desafiar as leis, inverter a ordem social, destruir vínculos afetivos, nos quais enxerga amor, por inveja e ciúme. A vida escolar é repleta de fracasso com repetências e conflitos relacionais, em razão de resistir a ter qualquer conduta de cooperação e colaboração com a estrutura institucional.

O ambiente familiar, geralmente, é marcado por um padrão hostil de interação, com reclamações, ofensas, punições, inclusive violência física, em que a raiva se torna a emoção dominante. Os pais não lhe concederam o ensinamento do perdão e não lhe deram a oportunidade de reparação da conduta danosa, por isso, não lhe foi possível desenvolver a culpa, nem a sensibilidade com a dor alheia.

O transtorno de conduta é uma patologia da ausência de ética, da falta de valores morais, cujo cerne é a inexistência do sentimento empático. Os sentimentos de rejeição, medo, ciúme, inveja foram transformados em raiva e em impulsividade agressiva, devido às constantes frustrações oriundas de necessidades físicas e emocionais não satisfeitas que criaram uma profunda carência afetiva.

Por trás do fortão e temido adolescente, há uma criança ferida que lamenta a privação de carinho, a falta de reconhecimento de suas competências e a ausência de uma relação parental amorosa.

Sheila Antony – Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Brasília (UNB). Fundadora e professora do Instituto de Gestalt‑terapia de Brasília (IGTB).

Instagram da autora: @sheilaantony