Seu luto é seu: por que ninguém pode viver a sua dor por você
O luto é uma das experiências humanas mais universais e, ao mesmo tempo, mais singulares. Embora todas as pessoas passem por perdas — de pessoas, relações, ideais, papéis, ou até versões de si mesmas — nenhuma vivência de luto é igual à outra. Essa singularidade é o que torna a frase “seu luto é seu” tão verdadeira e necessária.
1. A dor que não se compara
A psicologia contemporânea reconhece o luto como um processo de adaptação emocional, cognitiva e social à ausência de algo significativo (Worden, 2018; Parkes, 2009). Ele não é uma fase a ser “superada”, mas uma reorganização da vida diante da ausência. Comparar o próprio sofrimento ao de outros — “eu devia estar melhor”, “fulano já voltou à vida normal” — só aumenta a culpa e a sensação de inadequação.
2. O tempo do luto
Não há tempo certo para “melhorar”. Pesquisas indicam que a duração e a intensidade do luto dependem do tipo de vínculo, da história da relação e dos recursos psicológicos de cada pessoa (Stroebe & Schut, 2010). Dr. Danilo Suassuna, psicólogo, ressalta que “o tempo do luto é o tempo do cuidado — e cuidar é permanecer presente, mesmo quando a dor ainda fala alto”.
3. O silêncio e o apoio
Muitas vezes, o que mais ajuda alguém em luto não é o que se diz, mas a disponibilidade de estar junto. A escuta empática e o reconhecimento da dor do outro são mais terapêuticos do que conselhos. Winnicott (1971) já dizia que o amadurecimento psíquico nasce da experiência de ser sustentado — e, no luto, essa sustentação emocional é fundamental.
4. Elaborar não é esquecer
Elaborar o luto é dar um novo significado à perda. É permitir-se lembrar com menos dor, sem apagar a importância do que (ou de quem) se foi. Nesse sentido, a terapia tem papel essencial — especialmente quando a dor se torna paralisante. O projeto Todos Cuidados, do Instituto Suassuna, oferece esse espaço seguro para acolhimento e elaboração de perdas, sempre conduzido por psicólogos capacitados.
5. Respeitar o próprio processo
Dizer “seu luto é seu” é, acima de tudo, um convite à autoconsciência! Luto não tem fases. É autorizar-se a sentir, a desacelerar e a respeitar o que o corpo e o coração pedem. É reconhecer que o amor que existiu continua existindo — transformado em memória, em saudade e, com o tempo, em …. (Calma… é com o tempo… veremos depois…)



