Saúde mental no trabalho

  • post publicado em 22/08/24 às 11:36 AM
  • Tempo estimado de leitura: 4 minutos

 

Saúde Mental no Trabalho: Caminhos para um Bem-Estar Sustentável

Nos últimos anos, a saúde mental no ambiente de trabalho ganhou uma relevância que antes era subestimada. Com a intensificação das pressões profissionais e pessoais, é fundamental abordar esse tema de forma abrangente, levando em conta as diferentes realidades vivenciadas pelos trabalhadores em diversas áreas e níveis hierárquicos. Mais do que uma questão de produtividade, a saúde mental deve ser vista como um pilar essencial para o bem-estar coletivo e individual.

O Peso do Ambiente de Trabalho na Saúde Mental

O ambiente de trabalho tem um impacto profundo na saúde mental dos colaboradores. As exigências constantes por resultados, aliadas a uma cultura que muitas vezes valoriza o “sempre disponível”, podem criar um terreno fértil para o desenvolvimento de transtornos mentais como o Burnout. Conforme revelado por um estudo da Best Place to Work em 2023, 45% dos trabalhadores em empresas que não priorizam a saúde mental relatam níveis elevados de estresse, contra apenas 12% em empresas que adotam práticas proativas de bem-estar .

Essa diferença marcante revela a importância de políticas que não apenas reconheçam, mas que também respondam ativamente às necessidades emocionais e psicológicas dos funcionários. Empresas que implementam estratégias de apoio, como horários flexíveis, pausas regulares e programas de saúde mental, tendem a apresentar melhores resultados em termos de satisfação e engajamento dos funcionários.

Relações Interpessoais: Um Pilar Esquecido?

As relações interpessoais no trabalho são frequentemente negligenciadas quando se discute saúde mental. No entanto, a qualidade dessas relações pode ser tão impactante quanto o ambiente físico ou as condições de trabalho. Segundo a mesma pesquisa da Best Place to Work, 74% dos funcionários que relataram trabalhar em ambientes colaborativos e com boa comunicação interna também relataram maior satisfação geral e menor incidência de estresse e ansiedade .

Por outro lado, ambientes de trabalho marcados por conflitos, falta de comunicação e competição excessiva podem contribuir significativamente para o aumento de doenças mentais. A promoção de uma cultura organizacional que valorize o respeito, a empatia e a colaboração é, portanto, essencial não apenas para a saúde mental dos trabalhadores, mas também para o sucesso a longo prazo da organização.

Equilíbrio Entre Vida Pessoal e Profissional: Uma Questão de Sobrevivência

A busca por um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional é um dos maiores desafios enfrentados pelos trabalhadores modernos. Em um estudo realizado pela Harvard Business Review, 94% dos profissionais entrevistados afirmaram que teriam uma melhor qualidade de vida se pudessem equilibrar melhor essas duas áreas . No entanto, o trabalho remoto, embora ofereça flexibilidade, também traz desafios adicionais, como a dificuldade em “desligar-se” do trabalho, levando à exaustão.

Empresas que compreendem a importância desse equilíbrio e oferecem medidas concretas para promovê-lo—como a adoção de políticas de trabalho flexível, dias de folga adicionais, e a promoção do respeito aos horários de descanso—tendem a ter colaboradores mais saudáveis e satisfeitos. Estas práticas não só reduzem o estresse, mas também aumentam a lealdade dos funcionários para com a empresa.

Autocuidado: A Base da Saúde Mental

O autocuidado é um aspecto frequentemente subestimado, mas essencial para a manutenção da saúde mental. Envolve uma série de práticas que visam manter o bem-estar físico, emocional e psicológico, como a prática regular de exercícios, alimentação balanceada, sono adequado e atividades de lazer que promovam o relaxamento. As empresas podem e devem incentivar essas práticas, oferecendo benefícios como subsídios para academias, sessões de meditação e programas de aconselhamento psicológico.

Um estudo da World Health Organization (WHO) descobriu que para cada dólar investido em tratamentos e programas de saúde mental, há um retorno de quatro dólares em termos de melhoria da saúde e produtividade . Isso evidencia que o investimento em saúde mental não é apenas uma responsabilidade moral, mas também uma decisão financeira inteligente para as empresas.

A Responsabilidade das Empresas na Promoção da Saúde Mental

No contexto atual, a responsabilidade das empresas na promoção da saúde mental vai além de simplesmente cumprir com as obrigações legais. Empresas que adotam uma abordagem proativa, implementando políticas inclusivas e programas de apoio psicológico, não só melhoram a vida de seus colaboradores, mas também fortalecem sua própria sustentabilidade a longo prazo. O relatório de 2023 da Best Place to Work revelou que empresas com altos índices de satisfação em saúde mental tinham uma rotatividade 34% menor e reportavam um aumento de até 25% na produtividade .

Esses dados ilustram que cuidar da saúde mental dos colaboradores é, em última análise, cuidar do futuro da empresa. Criar um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam valorizadas, respeitadas e apoiadas é essencial para o sucesso organizacional em qualquer setor.

Conclusão

A saúde mental no trabalho é uma questão multifacetada que exige uma abordagem integrada e consciente. O bem-estar dos trabalhadores não deve ser visto apenas como uma meta individual, mas como uma responsabilidade coletiva que afeta toda a sociedade. Empresas que compreendem a importância dessa questão e que investem em programas de apoio, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e promoção do autocuidado, estarão mais bem posicionadas para prosperar em um mercado cada vez mais competitivo.

Agora, queremos ouvir você: como a saúde mental é tratada no seu local de trabalho? Quais medidas você acredita que poderiam ser implementadas para melhorar o bem-estar dos trabalhadores? Deixe seu comentário e participe dessa discussão crucial!

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.