Reprodução Humana e HPV: Ganho para as mulheres!
A recente incorporação do teste de sangue para a detecção do vírus HPV pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil representa um avanço significativo na estratégia de prevenção e detecção precoce do câncer de colo do útero. Essa nova modalidade de teste, publicada em portaria no Diário Oficial da União, promete ampliar o acesso ao diagnóstico, oferecendo uma alternativa ao exame Papanicolau tradicional.
A implementação dessa tecnologia nos serviços de saúde pública tem potencial para melhorar a adesão ao rastreamento, dado que o teste de sangue pode ser percebido como menos invasivo e mais conveniente. A recomendação de realização a cada cinco anos, comparada à frequência trienal do Papanicolau, também pode contribuir para uma maior aderência ao programa de rastreamento.
O investimento do Ministério da Saúde em projetos piloto, como o realizado em Pernambuco, com um aporte de R$ 18 milhões, ilustra o compromisso em avaliar e implementar tecnologias que podem tornar o diagnóstico do HPV mais acessível e eficiente. Segundo Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, a incorporação dessa tecnologia visa diminuir as desigualdades de acesso aos cuidados de saúde, atendendo às necessidades da população de maneira mais efetiva.
Dada a prevalência do HPV como a infecção sexualmente transmissível mais comum e sua relação direta com o desenvolvimento do câncer de colo de útero, estratégias que facilitam o diagnóstico e permitem a intervenção precoce são fundamentais. Este tipo de câncer, ainda sendo uma das principais causas de morte entre mulheres, especialmente aquelas negras, pobres e com menor nível de educação formal, necessita de políticas públicas assertivas que enderecem tanto a prevenção quanto o tratamento eficaz.
Em sendo o HPV uma doença sexualmente transmissível (DST), a sua presença pode estar associada a outras DSTs como sífilis, hiv e gonorreia entre outras, podendo também essas infecções facilitar a presença do HPV no organismo.
Assim, se a pessoa for portadora da infecção pelo HPV é fundamental pesquisar Sífilis, Hepatites B e C, Herpes, HIV, Clamídia e Gonorreia.
Quando uma pessoa tem uma DST aumenta a chance de ter outra DST no mesmo momento e, mais grave, muitas pessoas são portadoras ainda assintomáticas, sendo as doenças transmitidas silenciosamente aos parceiros ou parceiras. E essas infecções, na mulher, podem levar a complicações graves como a infertilidade.
A adoção do teste de sangue para HPV no SUS é um exemplo de como a inovação tecnológica pode ser utilizada para melhorar a saúde pública, oferecendo ferramentas mais eficientes e acessíveis para o diagnóstico de condições que têm um impacto significativo na saúde das mulheres. Essa medida pode ser um passo importante na redução da incidência e mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil, alinhando-se com esforços globais para combater essa doença.
Estatísticas
As estatísticas sobre o câncer de colo de útero e a infecção pelo HPV no Brasil revelam aspectos importantes sobre a prevalência da doença e os desafios associados à sua prevenção e tratamento. De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, aproximadamente 17 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo de útero no país a cada ano. Essa taxa de incidência coloca o câncer de colo de útero como o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil, e também como a quarta causa de morte por câncer entre as mulheres.
A distribuição da incidência e da mortalidade por câncer de colo de útero no Brasil é influenciada por fatores socioeconômicos e demográficos. Mulheres negras, pobres e com baixos níveis de educação formal são desproporcionalmente afetadas. Essa disparidade destaca a necessidade de políticas de saúde pública que não apenas focam na disponibilização de tecnologias de diagnóstico, como o teste de sangue para HPV, mas também abordam as barreiras de acesso ao cuidado de saúde.
A relação entre o HPV e o câncer de colo de útero é bem estabelecida. O vírus HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum globalmente, e certos tipos de HPV de alto risco estão diretamente relacionados ao desenvolvimento de câncer de colo de útero. A disponibilidade de testes para detecção do HPV é crucial para a identificação precoce de infecções que podem levar ao desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e câncer.
Além das estatísticas nacionais, é importante considerar as variações regionais na incidência de câncer de colo de útero. Em algumas regiões, como o Norte do Brasil, a taxa de incidência e mortalidade por câncer de colo de útero é particularmente alta, refletindo desigualdades em termos de acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento.
Esses dados sublinham a importância de fortalecer os programas de rastreamento do câncer de colo de útero, como o teste de sangue para HPV agora incorporado ao SUS, e de implementar estratégias integradas que incluem vacinação contra o HPV, educação para a saúde, e melhoria do acesso aos serviços de saúde para todas as mulheres, independentemente de sua localização geográfica, status socioeconômico ou educacional.
Psicologia e reprodução humana
A incorporação do teste de HPV pelo SUS tem implicações significativas para psicólogos que trabalham na área de reprodução assistida, considerando que o HPV pode afetar a saúde reprodutiva e, por consequência, as questões emocionais e psicológicas relacionadas à fertilidade e ao planejamento familiar.
Para mulheres que buscam tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) ou inseminação artificial, a detecção precoce de HPV é crucial, pois o vírus pode impactar negativamente a saúde do trato reprodutivo, influenciando as taxas de sucesso desses tratamentos. Assim, o teste para HPV se torna uma ferramenta importante no planejamento reprodutivo, permitindo intervenções médicas adequadas quando necessário.
O psicólogo que atua em clínicas de reprodução assistida desempenha um papel essencial em ajudar casais ou indivíduos a lidar com as complexidades emocionais associadas ao diagnóstico de HPV, especialmente quando estão em um processo de tratamento para conceber. O profissional pode oferecer suporte emocional para gerenciar o estresse, ansiedade e outras questões psicológicas que podem surgir devido às preocupações com a fertilidade e o impacto potencial do HPV na capacidade de conceber e sustentar uma gravidez.
Além do suporte emocional, o psicólogo pode atuar educando os pacientes sobre como o HPV pode afetar a saúde reprodutiva e as opções de tratamento disponíveis, facilitando a tomada de decisões informadas sobre os procedimentos de reprodução assistida. Isso inclui discutir os resultados do teste de HPV e seus possíveis efeitos na gravidez e no parto, bem como colaborar com outros profissionais de saúde para garantir um plano de cuidado integrado.
A atenção e abertura de espaço à escuta desses pacientes tem papel transformador em suas vidas e contribui para se ampliar a compreensão sobre suas demandas.
Portanto, a relação entre o teste de HPV e o trabalho do psicólogo em reprodução assistida é multifacetada, abrangendo o apoio psicológico, a psicoeducação, e a colaboração interdisciplinar para assegurar que os pacientes recebam o cuidado mais abrangente e informado possível, ajudando-os a navegar nas implicações reprodutivas e emocionais do HPV.
Dr .Danilo Suassuna
CRP 09/3697
Dra. Katia Straub
CRP 08/308
Dr. Ricardo Nascimento
CRM SC/3198