Reabilitação do paciente: Quando começar? 

  • post publicado em 05/07/24 às 10:36 AM
  • Tempo estimado de leitura: 6 minutos

 

Olá! Me chamo Daniela e sou aluna no Instituto Suassuna e gostaria de falar sobre um tema pouco conhecido, que pode e deve ser um compromisso psicoterapêutico: A Reserva Cognitiva. 

Então vamos lá! 

Para contextualizar, e isso é sempre muito importante, faço parte de uma pós graduação em Neurociência e Avaliação Psicológica, no I.S., coordenado pela Profa Dra Analucy Aury. V. Oliveira. Na ocasião, o sétimo módulo da especialização trazia o tema: Reabilitação Neuropsicológica e foi ministrado pela neuropsicóloga Fernanda Afiune. Após a imersão no final de semana de estudos, com base no conhecimento adquirido e a partir da perspectiva de uma psicoterapeuta e estudante comprometida com a promoção do bem estar cognitivo de meus pacientes, decidi compartilhar com vocês algumas reflexões sobre esse assunto, uma área da saúde de grande relevância, porém muitas vezes subestimada. 

Uma das questões que me chamou a atenção está diretamente relacionada à minha prática com os pacientes: o estímulo e promoção da reserva cognitiva durante o processo psicoterapêutico. 

Na década de 60 pelas mãos estudiosas da pesquisadora Marian Diamond, o mundo soube que o cérebro possuía mecanismos de plasticidade relacionados à estrutura física, que permitem uma compensação quando sofremos uma lesão ou um trauma. A este fato, foi dado o nome de neuroplasticidade, e a partir de então, surgiu o conceito de reserva cerebral, atribuído a capacidade de estabelecer novas sinapses e reformular o funcionamento do cérebro.

Vinte anos após, na década de 80, surgem estudos sobre a reserva cognitiva, equiparada a um combustível que acumulamos ao longo da vida, seja por meio de estudos, leituras, aprendizado de novos idiomas, envolvimento em atividades artísticas, participação em atividades intelectuais de lazer e ocupações profissionais mais intelectualizadas. Isso, é claro, sem negligenciar uma vida social ativa e equilibrada. Essa reserva cognitiva é no entanto, mais que a somatória desses elementos, sendo portanto uma forte aliada contra o declínio cognitivo e uma carta na manga para aqueles que buscam o gerenciamento do estresse e uma vida mais equilibrada e saudável em suas múltiplas dimensões. 

Conforme destacado pelo renomado pesquisador Yaakov Stern, da Universidade de Columbia, a Reserva Cognitiva pode ser desenvolvida através de um estilo de vida ativo que inclui atividades cognitivas estimulantes. A Neurociência confirma que pacientes com reserva cognitiva, ou seja, aqueles que ativamente, fortaleceram suas capacidades intelectuais ao longo da vida, estão mais preparados para enfrentar traumas ou o envelhecimento natural, reduzindo os efeitos de processos neurodegenerativos. O fato de uma pessoa produzir ativamente uma reserva cognitiva suficientemente expressiva, pode compensar os danos de uma doença e desta maneira sublinhar os seus sintomas. Sendo assim, pensemos na reserva cognitiva como um fator diferencial que proporciona uma resiliência ampliada e que contribui para uma maior expectativa e qualidade de vida. O ponto alto dessa reserva é sua capacidade crucial de preservação das funções cognitivas e na minimização dos sintomas de tais condições comuns, como por exemplo em demências e Alzheimer. De fato, a reserva cognitiva age como um escudo protetor, proporcionando uma maior expectativa e qualidade de vida.

Contudo a construção da reserva cognitiva vai além do acúmulo de conhecimento e experiência, envolvendo também uma vida social ativa e equilibrada, o que nos leva a uma reflexão fundamental: Como os profissionais da saúde, particularmente os psicoterapeutas, podem contribuir para o desenvolvimento dessa reserva em seus pacientes?

A resposta a essa pergunta nos leva à interseção entre a psicoterapia e a promoção da reserva cognitiva. A abordagem terapêutica, quando bem direcionada, pode desempenhar um papel significativo na capacitação dos pacientes para fortalecer sua reserva cognitiva. Como observado pela neuropsicóloga Fernanda Afiune, a definição de metas claras e tangíveis é parte essencial do ‘Protocolo Reab’, que integra a reabilitação neuropsicológica. Dentro desse protocolo, a psicoterapia desempenha um papel vital na promoção da autoconsciência e na conexão dos pacientes com a realidade, independentemente de suas circunstâncias.

A definição de metas é um processo colaborativo que envolve uma discussão profunda entre o terapeuta e o paciente. Isso permite que os pacientes entendam seus desafios cognitivos e emocionais de maneira mais clara e, juntamente com o terapeuta, identifiquem estratégias e intervenções apropriadas. Quando o paciente participa ativamente do processo de estabelecimento de metas, ele se sente investido e responsável pelo sucesso de sua reabilitação cognitiva. Isso contribui para uma maior motivação e aderência ao tratamento, fatores essenciais para o desenvolvimento da reserva cognitiva

Sabemos que durante a psicoterapia a relação terapêutica estabelecida, cria um espaço seguro e confidencial no qual o paciente pode explorar suas experiências, crenças e emoções. Esse processo permite que o paciente desenvolva uma compreensão mais profunda de si mesmo, identifique seus desafios cognitivos e emocionais, e trabalhe na construção de estratégias de enfrentamento. Ao fazê-lo, esse sujeito não apenas melhora sua saúde mental, mas também fortalece sua reserva cognitiva. 

Tenho certeza que você já ouviu falar em autoconhecimento e ou, autoconsciência, não é mesmo? 

Pois bem, esse também é um pilar para a Reserva Cognitiva e para essa promoção, a psicoterapia desempenha um papel importante já que a autoconsciência envolve a capacidade de reconhecer e compreender as próprias emoções, limitações, pensamentos, deficiências e comportamentos. Através da terapia, os pacientes podem explorar suas experiências passadas e atuais, ganhando insights valiosos sobre seus padrões de pensamento e comportamento. Em outras palavras, a autoconsciência permite que o paciente identifique os fatores que podem estar prejudicando sua reserva cognitiva, como hábitos prejudiciais, crenças negativas ou estratégias de enfrentamento não saudáveis. A partir desse entendimento, paciente e terapeuta podem trabalhar em conjunto para desenvolver estratégias de autoaperfeiçoamento e transformação.

Vale aqui lembrar que algumas abordagens terapêuticas oferecem oportunidades para a aprendizagem ativa, promovendo a resolução de problemas, o pensamento crítico e a adaptação a novas situações, nas quais os psicoterapeutas podem orientar os pacientes na busca por atividades cognitivamente estimulantes, como a leitura, jogos mentais e a exploração de novos interesses. Além disso, a terapia pode ajudar os pacientes a melhorar suas habilidades de comunicação e interação social, fortalecendo assim a dimensão social da reserva cognitiva. Para que isso aconteça, considero elementar a confiança na relação terapeuta e paciente pois, quando o paciente se sente compreendido e apoiado, sua disponibilidade para se envolver ativamente em seu próprio processo de crescimento cognitivo, é maior. E assim como na reabilitação, na psicoterapia também é fundamental que o paciente defina e eleja metas realistas e alcançáveis que promovam um estilo de vida ativo, incluindo atividades intelectuais e sociais que contribuam para a construção da reserva cognitiva.

Mas quando, afinal, começa o processo de reabilitação do paciente? A resposta a essa pergunta é complexa, pois a reabilitação cognitiva pode ser vista como uma jornada contínua que começa antes mesmo de surgirem sintomas evidentes. Por essa perspectiva, podemos afirmar que a reabilitação cognitiva começa de forma preventiva, por meio da psicoterapia clínica.

A prevenção é uma pedra angular da medicina contemporânea. Prevenir o declínio cognitivo e as doenças neurodegenerativas é, sem dúvida, mais eficaz e desejável do que tratá-los depois que se manifestam. É nesse contexto que a psicoterapia desempenha um papel crucial, permitindo que os pacientes identifiquem fatores de risco cognitivo e adotem medidas para fortalecer sua reserva cognitiva.

A psicoterapia clínica não é apenas um espaço para lidar com problemas psicológicos imediatos, mas também um local onde se estabelece um compromisso com a saúde cognitiva a longo prazo. Os pacientes podem aprender a incorporar práticas que estimulem o cérebro em sua rotina diária, transformando-as em hábitos saudáveis. Isso inclui a promoção de uma dieta equilibrada, exercícios físicos regulares, sono adequado e gestão do estresse, todos essenciais para manter a reserva cognitiva em crescimento. A tomada de decisão autônoma também desempenha um papel fundamental na promoção da reserva cognitiva. A psicoterapia capacita os pacientes a serem proativos em sua própria jornada de reabilitação cognitiva, ou como habitualmente costumo dizer durante meus atendimentos bioiátricos: “O paciente que conhece sua história e assume uma narrativa autoral, torna-se consciente e portanto, capaz de lidar com  as consequências  e desdobramentos de suas escolhas.”

Desta maneira, considerando que a reserva cognitiva e uma postura ativa perante a vida são fundamentais para obter resultados positivos nos tratamentos de reabilitação cognitiva ou neuropsicológica, pode-se dizer que a reabilitação se inicia de forma preventiva, por meio da psicoterapia clínica. A terapia não apenas estabelece um vínculo e compromisso com o paciente em relação ao processo terapêutico, mas também o capacita a se envolver ativamente com a própria ascensão cognitiva e a tomar decisões autônomas em relação às metas que ele estabelece para uma vida mais saudável.

Para concluir, gostaria de destacar a importância da escolha do terapeuta, já que este deve ser igualmente interessado na promoção da sua própria reserva cognitiva. Além de congruente com a teoria e prática, os profissionais que estudam e reciclam seus conhecimentos, estão cognitivamente ativos e mais preparados para proporcionar a mesma jornada rumo a reserva cognitiva do próprio paciente.

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Daniela Pissardo

Mãe, Professora e Psicoterapeuta, pós graduanda em Neurociência e Avaliação Psicológica, formada na primeira turma de Bioiatria do Brasil e Certificada desde 2020 pela Formação Italo Marsili.

https://marketplace.certificacaoitalomarsili.com.br/4614/crcim6187670-daniela-pissardo
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61284871
https://www.bbc.com/portuguese/geral-48005592

Profa Dra Analucy A V Oliveira

Dra em Neuropsicologia pela UNB

Pós Doutoranda em Neuropsicologia Clínica e Avaliação Neuropsicológica

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.