Paternidades Contemporâneas: Reflexões sobre os Novos Modelos de Paternidade

  • post publicado em 28/10/24 às 15:17 PM
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Paternidades Contemporâneas: Reflexões sobre os Novos Modelos de Paternidade

Nas últimas décadas, as mudanças nos arranjos familiares desafiaram as noções tradicionais de paternidade. O modelo de família nuclear, composto por pai, mãe e filhos, tem sido constantemente ressignificado para incluir uma ampla diversidade de formas de paternidade, como a paternidade solo, homoparental, coparentalidade e até mesmo a paternidade transgênero. Essa transformação reflete não apenas uma mudança cultural, mas também os avanços nas tecnologias reprodutivas e na aceitação social de novas configurações familiares.

O texto “Paternidades Contemporâneas” faz uma análise rica e detalhada dessas mudanças, destacando a importância de compreender como as novas formas de paternidade impactam o desenvolvimento infantil, as dinâmicas familiares e a própria ideia de masculinidade na sociedade atual.

A Transição da Paternidade Tradicional

Historicamente, a paternidade esteve associada ao papel de provedor. O pai era visto como a figura de autoridade, sendo responsável pelo sustento financeiro da família, enquanto a mãe cuidava dos filhos e das tarefas domésticas. Esse modelo tradicional, porém, começou a ser questionado a partir da segunda metade do século XX, especialmente com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o fortalecimento dos movimentos feministas, que demandavam uma maior divisão das responsabilidades parentais.

Nos anos 1970 e 1980, a ideia de um “pai participativo” começou a ganhar força. Não se tratava mais apenas de prover, mas de participar ativamente do cuidado e da educação dos filhos. Esse movimento foi impulsionado também por estudos de psicologia infantil que apontavam a importância do envolvimento paterno para o desenvolvimento saudável da criança.

Entretanto, ainda que o papel do pai tenha se tornado mais ativo na vida familiar, ele continuava vinculado à estrutura heteronormativa da família. As transformações que vemos hoje, com diferentes modelos de paternidade, são o resultado de uma ampliação significativa desse conceito.

Diversidade nas Configurações de Paternidade

As novas formas de família, somadas ao avanço das tecnologias de reprodução assistida, permitiram a emergência de diferentes modos de exercer a paternidade, que não necessariamente seguem o modelo tradicional. A seguir, veremos alguns exemplos que exemplificam essa diversidade.

Paternidade Solo

Esse é o caso de homens que criam seus filhos sem a presença de uma figura materna constante. Pode se dar por diferentes razões: desde divórcios e falecimentos até decisões individuais de ter filhos de maneira independente, muitas vezes com o auxílio de técnicas de reprodução assistida. Estudos mostram que a paternidade solo é desafiadora, mas também revela a capacidade dos homens de desenvolverem vínculos afetivos profundos e a habilidade de cuidar integralmente de seus filhos.

 Homoparental

Com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em diversos países, inclusive no Brasil, a paternidade homoparental ganhou espaço na sociedade. Casais gays, através de adoção ou reprodução assistida, têm formado famílias que subvertem as expectativas de gênero associadas à paternidade. Nesse contexto, é importante notar que o afeto e a estabilidade emocional oferecidos pela dupla parental são os fatores mais significativos no desenvolvimento infantil, e não o gênero dos pais .

Copde

Outro modelo emergente é a coparentalidade, na qual duas ou mais pessoas decidem criar um filho sem necessariamente formar um casal. Isso pode ocorrer entre amigos, ex-parceiros ou indivíduos que se conectam com o objetivo específico de co-criar uma criança. Este modelo reforça a ideia de que a criação de uma criança pode ser baseada no cuidado compartilhado, sem a exigência de uma relação amorosa entre os coparentes  .

Paternidade Transgenero, aspecto importante abordado no artigo é a experiência de homens transgêneros que decidem ser pais, seja através de adoção ou do uso de técnicas de reprodução assistida. Esses casos trazem à tona discussões sobre identidade de gênero, direitos reprodutivos e o impacto das normas sociais na construção da paternidade. A paternidade transgênero desafia diretamente as ideias de masculinidade tradicional e demonstra como o conceito de parentalidade está em constante evolução .

Impactos Psicológicos e aspectos sociais mais importantes de se considerar em relação às novas formas de paternidade é o impacto psicológico dessas mudanças, tanto para os pais quanto para os filhos. Pesquisas na área de psicologia indicam que o envolvimento emocional e o suporte oferecido por figuras paternas, independentemente de seu gênero ou configuração familiar, são fatores essenciais para o bem-estar infantil.

A aceitação dessas novas formas de paternidade também reflete mudanças mais amplas na sociedade em relação aos papeis de gênero. Ao desafiar o modelo tradicional de “pai provedor” e “mãe cuidadora”, essas novas formas de paternidade contribuem para uma maior igualdade de gênero e para o desenvolvimento de novos modos de expressar afetividade e cuidado .

Além disso, homens que se envolvem mais na criação de seus filhos tendem a relatar níveis mais altos de satisfação emocional e bem-estar, desafiando a visão de que o cuidado infantil é uma responsabilidade feminina. A paternidade contemporânea, portanto, não apenas redefine os papeis de gênero, mas também oferece novas oportunidades para o crescimento emocional e relacional dos pais .

Assim…

O estudo das paternidades contemporâneas mostra que o conceito de paternidade está em plena transformação. Com a emergência de novos modelos familiares, como as famílias monoparentais, homoparentais e transgêneras, é essencial que compreendamos a paternidade de forma mais flexível e inclusiva. O que une todas essas formas de paternidade, no entanto, é o compromisso com o cuidado, o afeto e o desenvolvimento saudável das crianças.

Ao final, cabe refletir: como essas novas formas de paternidade podem nos ajudar a construir uma sociedade mais igualitária e acolhedora? De que forma o reconhecimento dessa diversidade pode contribuir para o bem-estar das crianças e dos próprios pais? Compartilhe conosco suas opiniões e experiências sobre este tema tão importante.

Referências:

• “Paternidades Contemporâneas”, Vânia Psi

• Estudos recentes sobre novas configurações familiares e psicologia

Dr. Danilo Suassuna

CRP 09/3697

Ms. Mariana Saloio

CRP09/12344

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.