Muitas pessoas, em tempos de Coronavírus, tentam cada vez mais estar próximas a seus filhos, maridos, esposas – enfim, de suas famílias –, e até mesmo dos colegas de trabalho. A questão é que, às vezes, desrespeitamos as “paredes virtuais” do próximo.
É claro que todos precisamos estar perto, mas também precisamos nos afastar. Vamos à fábula dos porcos-espinhos: em uma era glacial, percebendo o risco de morte por congelamento, os animais resolveram se juntar em grupos para se agasalhar mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros vizinhos – justamente os que ofereciam mais calor. Ao se afastarem para não se machucar, eles morriam de frio, então eles se reagruparam, em uma distância segura, e sobreviveram.
A partir dessa narrativa, percebe-se que qualquer excesso pode causar dor. Muitos falam apenas sobre a dificuldade de se estar só, mas conviver também não é tão simples, ainda mais quando não se tem uma distinção entre momento coletivo e momento individual.
Assim, ao nos relacionarmos, devemos estar atentos a quão perto ou longe gostamos de ter o outro e precisamos estar dele, especialmente daqueles que amamos. Expressar amor não é só manter proximidade; é respeitar o espaço do outro.
Já percebeu os fones de ouvido, portas fechadas, olhares de estranhamento, narizes torcidos ou mesmo cobranças desnecessárias? Quais são as paredes que você coloca, mesmo que de forma invisível, àquele que está aí, ao seu redor?
Atente-se ao modo como estabelece suas “paredes virtuais”, e como os seus semelhantes o fazem. Caso necessário, saiba que você pode contar com a ajuda de um psicólogo. Lembre-se de que essas barreiras se dão em qualquer contexto em que esteja inserido, seja familiar, escolar (relação aluno-professor ou mesmo professores entre si), de trabalho ou de comunidade como um todo.
Abraço
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