Pare de Estudar! Vem ser atuante!

  • post publicado em 04/12/25 às 11:46 AM
  • Tempo estimado de leitura: 4 minutos

 

“Chega de ficar só estudando: por que o psicólogo precisa resgatar a atuação — e resgatar a si mesmo”

CALMA!
Claro que estudar é importante! MASSSS…

A Psicologia brasileira vive um fenômeno silencioso, mas profundamente preocupante: nunca tivemos tantos profissionais formados e, ao mesmo tempo, tantos psicólogos inseguros para atuar.

O resultado é um contingente enorme de psicólogos que acumulam certificados, pós-graduações, cursos livres, aulas e lives — mas não atuam. Ou atuam pouco, com medo, receio de errar, sem clareza de onde começar ou como construir uma carreira sólida.

Este texto é um convite — e também um alerta — para entender, com base científica e clínica, por que o coração da Psicologia está na atuação e por que resgatar esse lugar é resgatar a própria identidade profissional.

1. Psicólogos estão estudando muito e atuando pouco — e isso adoece a profissão

Dados do CFP e do IBGE apontam que uma parcela considerável dos psicólogos recém-formados não se sente capaz de atender, mesmo após anos de graduação.
Isso não é falta de inteligência, vocação ou dedicação.
É falta de formação prática real, supervisão contínua e clareza sobre onde e como atuar.

Resultado?

  • profissionais paralisados,
  • sofrimento por comparação,
  • sensação de incompetência,
  • baixa autoestima profissional,
  • desistência silenciosa da carreira.

A ciência é clara: aprendizagem significativa é aquela que envolve prática deliberada, supervisão e experiência viva no contexto real (Ericsson & Pool, 2016).
Sem prática, não há consolidação da identidade profissional.

2. A teoria só cria raízes quando encontra a vida real

Autores como Winnicott, Rogers e Yalom deixaram uma lição comum:
a clínica não é um conjunto de técnicas, mas uma relação viva, um encontro humano.

E encontros não acontecem em apostilas.

Eles acontecem:

  • no sofrimento concreto do paciente,
  • no silêncio que chama,
  • no medo que paralisa,
  • na mãe que não sabe por onde começar,
  • no adolescente que não se sente pertencente,
  • no adulto que não encontra sentido.

É ali, e não nos PDFs, que a Psicologia se revela.

Por isso, resgatar a atuação é resgatar o lugar onde o conhecimento se torna cuidado.

3. O psicólogo que atua se desenvolve mais rápido, mais profundamente e com mais segurança

A literatura em formação profissional mostra que o psicólogo que atua:

  • aprende mais rápido;
  • fixa melhor os conceitos;
  • identifica padrões clínicos com mais precisão;
  • sente menos insegurança;
  • ganha autonomia para pensar, criar e decidir;
  • reconhece quais áreas deseja seguir;
  • desenvolve identidade profissional sólida.

Isso acontece porque a atuação movimenta áreas cognitivas e afetivas fundamentais para o aprendizado profundo:
memória contextual, processamento emocional, resolução de problemas e experiência corporal (Immordino-Yang, 2016).

Sem atuação, a Psicologia permanece abstrata.
Com atuação, ela se encarna.

4. A atuação é também um compromisso ético com a sociedade

Não é apenas uma questão individual.
No Brasil, a demanda por psicólogos é gigantesca.

Temos:

  • escolas com sofrimento emocional crescente,
  • famílias desorientadas,
  • empresas adoecidas,
  • idosos isolados,
  • mulheres sobrecarregadas,
  • crianças expostas a telas e riscos,
  • adolescentes com ansiedade recorde,
  • lutos não elaborados,
  • impactos sociais das crises climáticas, econômicas e políticas.

Quando psicólogos deixam de atuar por falta de preparo prático, a população fica desamparada.
E um país sem cuidado adoece.

Resgatar a atuação é, portanto, uma responsabilidade social e cidadã.

5. A Psicologia que não ocupa espaço perde relevância

Hoje, quem ocupa espaço na vida das pessoas?

  • influenciadores,
  • gurus motivacionais,
  • conteúdos superficiais,
  • técnicas sem evidência,
  • discursos pseudocientíficos.

Enquanto isso, muitos psicólogos permanecem invisíveis, embora dominem conhecimento rigoroso, ético e transformador.

Mas conhecimento sem atuação não vira impacto.
Nem vira carreira.

O psicólogo que atua:

  • constrói autoridade,
  • cria vínculo com a comunidade,
  • amplia a presença profissional,
  • fortalece o mercado de trabalho,
  • amplia a percepção social do valor da Psicologia.

Sem atuação, a Psicologia vira teoria.
Com atuação, vira transformação.

6. Atuamos para transformar — mas também para nos transformar

Todo psicólogo experiente sabe:
ninguém sai o mesmo de uma boa sessão, de um bom atendimento, de uma boa supervisão.

Atuar é, paradoxalmente, um movimento de retorno a nós mesmos.

É na prática que descobrimos:

  • nossa potência,
  • nossa sensibilidade,
  • nossas limitações,
  • nossa coragem,
  • nossa forma única de ser psicólogo.

A identidade profissional não é algo que se lê.
É algo que se vive.

E só aparece quando atuamos.

7. Por que tantos psicólogos têm medo de atuar?

Três razões principais, sustentadas pela literatura:

1. Falta de prática estruturada

O Brasil ainda forma psicólogos mais para estudar do que para atuar.

2. Excesso de modelos e teorias

Que geram confusão, sensação de inadequação e medo de escolher.

3. Falta de supervisão

A supervisão é o fator que mais reduz erros e aumenta segurança (Watkins, 2014).

E todos esses elementos têm solução:
formação contínua + supervisão + inserção real na prática.

8. Resgatar a atuação é resgatar o futuro da Psicologia — e o seu futuro profissional

Quando um psicólogo aprende a atuar de verdade:

  • ele atende melhor,
  • se comunica melhor,
  • intervém com mais segurança,
  • alcança mais pessoas,
  • constrói carreira sólida,
  • cuida melhor de si,
  • e encontra sentido no que faz.

Atuar é aquilo que devolve ao psicólogo seu lugar no mundo.

9. O Instituto Suassuna e o compromisso com a Psicologia Atuante

O Instituto Suassuna construiu sua história sobre uma premissa simples e poderosa:

Psicólogos não precisam apenas saber — precisam saber fazer.

Por isso, nossas pós-graduações integram:

  • prática contínua,
  • professores que atuam no campo real,
  • supervisão especializada,
  • projetos aplicados,
  • experiências com famílias, escolas, hospitais e empresas,
  • participação no projeto Todos Cuidados,
  • mais de 3.000 horas de atendimento acumulado.

É formação para atuar — não para ficar na teoria.

Conclusão: quem resgata a atuação resgata sua potência como psicólogo

Este é o chamado mais urgente da Psicologia contemporânea:

Pare de se esconder na teoria.
Pare de esperar se sentir 100% pronto.
Pare de adiar sua atuação.

A Psicologia precisa de você agora.
As pessoas precisam da sua escuta agora.
A sociedade precisa do seu cuidado agora.

E você precisa da atuação para descobrir quem você é, como psicólogo e como ser humano.

A atuação é onde tudo começa.
E onde tudo se transforma.

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Dr. Danilo Suassuna Martins Costa CRP 09/3697 CEO do Instituto suassuna, membro fundador e professor do Instituto Suassuna ; Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás(PUC-GO);

Especialista em Gestalt-terapia, Doutor e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008) possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Pós-Doutorando em Educação;

Autor dos livros:

  • Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico;
  • Renadi - Rede de atenção a pessoa idosa;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia; Teoria e Prática;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia: O cuidado como figura;

Organizador do livro Supervisão em Gestaltt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia; Professor na FacCidade.

Acesse o Lattes: http://lattes.cnpq.br/8022252527245527