“Para que (ainda) serve a Psicanálise?”

  • post publicado em 07/09/21 às 17:22 PM
  • Tempo estimado de leitura: 2 minutos

 

Para que (ainda) serve a Psicanálise?”, poderíamos nos perguntar. Essa é uma questão que proporciona vários caminhos permeados por várias dúvidas. É assim também a vida, diversas vezes nos desafiando com suas incógnitas. É verdade também que nossos tempos nos impõem de forma célere e inquieta várias decisões e impasses de grande peso. Pensemos nas interpelações impostas pelo COVID-19, extremismos políticos, aquecimento global, “fake or not Fake News”, várias e várias eteceteras que nos acordam e nos deixam de sobressalto com a falta de saber sobre o futuro. Às vezes esses acontecimentos nem nos deixam dormir, dialogando com nossas insônias cotidianas. Mas voltemos: “a Psicanálise ainda serve diante disso tudo?”, ainda mais quando sublinhamos a necessidade de termos as respostas “para ontem” sobre o amanhã.

Mas é claro que não serve, haja vista os vislumbres salvadores que a biotecnologia trará aos nossos cérebros. Medicações, consumo farto, relacionamentos mil… teremos na palma de nossa mão a garantia de uma vida satisfeita, sem angústia e com a segurança de que não padeceremos no tédio da falta do que fazer. Assim, quem quererá se perguntar sobre si e se aprofundar nos grandes impasses pessoais e enigmas doloridos? É verdade que esse farto consumo pode aguçar nossos narcisismos e assim criar problemas. É também fato que as respostas rápidas e as decisões céleres podem nos colocar num looping de perguntas e incertezas, pois para cada resposta poderemos ter 50 perguntas. É também relevante citar que à medida que a biotecnologia avança, nos proporciona dúvidas éticas e culpas por descartar a humanidade que já não serve ao “progresso”.

Pois é… já não sei se não serve…. Primeiro porque à medida que as pessoas estiverem cansadas dos gurus de plantão, elas precisarão de pessoas que realmente escutem o que ninguém se atenta. Segundo, amor, culpa, dívidas simbólicas, tédios, isso tudo que não é resolvido a base de remédios, a meu ver não é sancionado por medicações e operações científico-mediúnicas em nossa massa cinzenta. É…. talvez sirva…. e talvez sirva porque a Psicanálise proporciona uma suspensão da aceleração que nos aprisiona em nossas ansiedades, medos e necessidade de entregar para um “Outro” aquilo que devemos. Pode servir também porque ela sustenta as dúvidas necessárias, não sustenta que todos devemos ser felizes da mesma forma ou que temos que ter o mesmo tempo para tudo, numa pressa impessoal. Pois é: acho que vai continuar servindo…para alguma coisa…

De todo modo, pelo que tenho percebido, a pós-graduação em Psicanálise do Instituto Suassuna tem nos proporcionado tanto a formação quanto as discussões necessárias de nosso século XXI. Tanto professores quanto alunos estão engajados a si questionarem e a questionarem o mundo que os cerca. Isso será sempre necessário para não se sucumbir à mesmice e sufocamento dos caminhos comuns.

Texto: Me. João Camilo de Souza Junior

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.