Pais e filhos da mesma geração:’unitempo’

  • post publicado em 16/01/22 às 08:00 AM
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Famílias modernas tendem a viver um ‘unitempo’, todos ‘são’ da mesma geração. As diferenças geracionais têm tido suas fronteiras cada vez mais difusas, em que se observa, com frequência, uma tentativa de os pais estarem mais próximos de seus filhos, fazerem as mesmas atividades, usarem as mesmas roupas.

Esse processo de desgerontocratização”, que engloba não só os adolescentes, mas também as precoces crianças e os adultos, dificulta o processo de diferenciação tão necessário aos adolescentes para que possam construir uma identidade adulta e demarcar um espaço próprio no mundo.

Assim, não é a distância entre gerações que pode trazer a agressão que temos visto se disseminar entre pais e filhos, e sim o excesso de proximidade geracional.

As famílias tradicionais e pós-modernas forneciam modelos identitários diferenciados a cada um dos membros. Na primeira, os modelos pautavam-se em valores e padrões de comportamentos relativamente estáveis, passados de geração a geração. Na segunda, há uma indefinição e ausência de modelos fixos. Há a coexistência de valores e padrões de comportamentos tradicionais e novos, portanto, muitas vezes, contraditórios.

A desconstrução de modelos fixos do passado, que alterou os papéis e as posições de homens e mulheres, pais e filhos, avôs e avós, alterou também as formas de relação entre as diferentes gerações na família, inclusive, o exercício de autoridade em seu interior.

Entretanto algumas rupturas naturais do desenvolvimento infantil, muitas vezes passa a ser pautada por uma ignorância, a dos pais, por não compreenderem seu filho, e deste, por não entender seus pais.

Os pais, que eram tidos como heróis por seu filho na infância, são destituídos desse lugar, desidealizados e passam a ocupar um lugar de estranhamento frente ao filho. Por outro lado, os pais também têm dificuldade de reconhecer seu filho, pois até mesmo o corpo que ele ocupa não é mais o mesmo; a imagem da criança desaparece.

A destituição dos pais de um lugar privilegiado posto na infância pelos filhos deve-se também por os adolescentes perceberem defeitos nos pais. Consequentemente, eles se tornam críticos das atitudes e valores dos pais, colocando em xeque o exercício da autoridade.

A descoberta de que os filhos não são mais “suas crianças” também pode indicar haver um temor pelos pais de serem ultrapassados por eles, conforme os filhos estão em um processo de desenvolvimento e os pais podem estar lamentando pelo seu tempo já passado. Desse modo, os pais podem posicionar-se de forma ambivalente frente aos filhos, desejando que cresçam e se tornem independentes, por um lado, e reforçando comportamentos de dependência, por outro.

Como uma das tarefas da adolescência é a construção de uma identidade adulta, o jovem deve renunciar a seus papéis infantis, abarcando o abandono de um tipo de relação estabelecida com os pais. Esse processo demanda modificações na família, havendo necessidade de adaptação das regras e, consequentemente, de ajustamento no exercício da autoridade.

Uma possibilidade é a de manter uma relação com seus filhos pautada na negociação e na amizade, ou seja, um tipo de relacionamento marcado pela tendência à igualdade e ao diálogo, em que as diferenças hierárquicas tendem mantidas mas de forma saudável e respeitosa, desde que os pais exemplifiquem as atitudes exigidas dos filhos, principalmente, no que se refere aos limites com bebidas, horários e o cumprimento dos compromissos assumidos. Senão, filho criado o trabalho é dobrado.

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Autor: Virginia Suassuna

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Dr. Danilo Suassuna Martins Costa CRP 09/3697 CEO do Instituto suassuna, membro fundador e professor do Instituto Suassuna ; Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás(PUC-GO);

Especialista em Gestalt-terapia pleo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestal-terapia de Goiânia (ITGT - GO). Doutor e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008) possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Pós-Doutorando em Educação;

Autor dos livros:

  • Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico;
  • Renadi - Rede de atenção a pessoa idosa;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia; Teoria e Prática;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia: O cuidado como figura;

Foi professor da PUC - GO e do ITGT - GO entre os anos de 2006 e 2011; Membro do Conselho Consultivo da Revista da Aborgagem Gestáitica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad - hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC - Minas); Organizador do livro Supervisão em Gestaltt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia; Professor na FacCidade.

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