Os Impactos Psicológicos da Guerra

  • 16 out

 

Nos tempos difíceis que vivemos, a informação é amplamente disseminada, atingindo a todos nós de formas inimagináveis. As tecnologias digitais nos trouxeram mais perto do que acontece em todo o mundo, mas isso nem sempre é uma bênção. As recentes ondas de conflitos e guerras, e sua presença constante em nossas mídias, têm impactos profundos em nossa psique, mesmo para aqueles que estão a milhares de quilômetros de distância do epicentro do conflito.

 

  1. O Consumo de Imagens de Guerra e Seus Efeitos no Psicológico

As guerras, além de afetar drasticamente aqueles que a vivenciam diretamente, também deixam marcas em quem consome as notícias e imagens a respeito. O acesso sem precedentes a imagens explícitas e notícias de conflitos, muitas vezes sem qualquer filtro ou contexto adequado, pode causar uma série de problemas psicológicos. Traumatização vicária, aumento da ansiedade, perturbações do sono, dessensibilização e sintomas depressivos são apenas alguns dos efeitos potenciais. Em particular, a visualização de cenas perturbadoras pode intensificar sentimentos de medo e preocupação, levando ao isolamento e evitação.

 

  1. Riscos de Exposição a Conteúdos de Guerra

A constante exposição a tais conteúdos tem riscos. Além dos mencionados acima, a exposição a imagens de guerra pode resultar em sintomas de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), mesmo que a pessoa não tenha vivenciado a guerra diretamente. A sensação de impotência pode surgir ao ver tais atrocidades e não poder ajudar. Especialmente para crianças, que são mais vulneráveis e podem não entender completamente o que estão vendo, os riscos são ampliados, podendo levar a confusões, medos intensos e mal-entendidos.

 

  1. Buscando Soluções e Apoio

Diante deste cenário, é crucial encontrar maneiras de lidar com os efeitos adversos e proteger a saúde mental.

 

Evitar Excessiva Exposição: Limitar ativamente a exposição a notícias traumáticas pode ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse. Isso não significa se isolar do mundo, mas consumir notícias de fontes confiáveis e em momentos específicos do dia.

Terapia: Para aqueles que se sentem abalados pelo que veem, a terapia pode ser uma ferramenta inestimável. Terapeutas são treinados para ajudar as pessoas a processar suas emoções e a encontrar estratégias de enfrentamento saudáveis.

Ajuda Psiquiátrica: Em situações mais severas, pode ser benéfico procurar um psiquiatra. Eles podem avaliar a necessidade de medicamentos ou outras intervenções para ajudar a lidar com sintomas intensos ou debilitantes.

 

Meu ponto

Em um mundo cada vez mais conectado, é vital estarmos cientes dos impactos psicológicos que as notícias globais podem ter em nosso bem-estar. A guerra, com todas as suas tragédias, não afeta apenas aqueles que estão no campo de batalha. Seus ecos alcançam todos nós, de uma forma ou de outra. Portanto, é essencial cuidar da nossa saúde mental, reconhecer os sinais de estresse ou trauma e buscar apoio quando necessário. E, igualmente importante, devemos cultivar empatia e compreensão, lembrando que cada pessoa processa essas informações à sua maneira.

 

Outros aspectos

Empatia e Conexão em Tempos de Crise

É natural sentir-se sobrecarregado quando confrontado com imagens e relatos angustiantes. No entanto, em meio a toda essa adversidade, podemos também encontrar oportunidades para a empatia e a conexão humana. Ao testemunharmos o sofrimento de outros, somos lembrados da fragilidade e da preciosidade da vida humana.

 

Educação e Conscientização

Para pais e educadores, é crucial educar os jovens sobre o mundo ao seu redor, mas de uma maneira que proteja sua saúde mental. Isso significa discutir os eventos atuais com contexto e fornecer um espaço seguro para expressar sentimentos e fazer perguntas. A exposição sem orientação pode ser prejudicial, mas a ignorância também não é a solução. A educação equilibrada permite que os jovens se tornem cidadãos informados sem ficarem emocionalmente sobrecarregados.

 

A Força da Comunidade

Conectar-se com outros pode ser uma ferramenta poderosa durante tempos desafiadores. Grupos de apoio, comunidades online ou mesmo conversas íntimas com amigos e familiares podem fornecer um espaço para compartilhar sentimentos, encontrar consolo e buscar soluções coletivas. Juntos, podemos encontrar maneiras de lidar, apoiar uns aos outros e, eventualmente, promover a cura.

 

A Importância do Autocuidado

Além de buscar apoio externo, é fundamental reconhecer a importância do autocuidado. Isso pode incluir atividades como meditação, exercícios físicos, leitura ou qualquer outra coisa que ajude a aliviar o estresse e trazer paz interior. Manter rotinas, estabelecer limites saudáveis e dedicar tempo para o autocuidado são etapas essenciais para garantir a resiliência emocional.

Os tempos são, indubitavelmente, desafiadores. No entanto, com consciência, apoio e ações proativas, podemos navegar por essas águas turbulentas. A exposição a conflitos e guerras, mesmo de longe, é um lembrete da complexidade da condição humana. No entanto, com empatia, educação e conexão, podemos enfrentar esses desafios e sair mais fortes e unidos.

 

 

Danilo Suassuna

Doutor em Psicologia 

Pós-Doutorando em Educação

Instituto Suassuna

danilo@institutosuassuna.com

(62) 981229319

 

(Entrevista concedida ao SBT Brasil – no dia 15/10/2023)

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