As Psicoterapias Corporais se baseiam na obra de Wilhelm Reich (1897-1957), médico, psicanalista e cientista austríaco. Ele foi um dos pioneiros na concepção das primeiras ideias, experimentações e intervenções corporais no campo das psicoterapias, principalmente em meados da década de 1930.
Os desdobramentos disso frutificaram ao longo das décadas, dando origem a diversas abordagens, teorias e diferentes maneiras de se trabalhar com as questões humanas, resgatando a inseparabilidade entre corpo e mente. As pretensas divisões entre o que se configura enquanto psíquico, emocional, mental, corporal, só se dão de maneira didática e por uma herança cartesiana. Na vida e nas abordagens psicoterápicas corporais, essas dimensões estão profunda e misteriosamente integradas numa complexa interdependência e interinfluência.
Reich parte de uma visão freudiana, mas funda seus próprios referenciais que dão origem a sua obra. Com a Análise do Caráter, inicia suas contribuições, ainda na Psicanálise, explorando não só o entendimento sobre o conteúdo levado pelos pacientes – ou seja, O QUÊ eles falavam – mas, também, o COMO esses pacientes expressavam esses conteúdos e as emoções neles contidas.
Destacava, também, o fato de que era necessário trabalhar as resistências do paciente e que essas estariam no próprio jeito de ser da pessoa, nos maneirismos, nos gestos, tom de voz… isso significa dizer que estariam corporificadas, não como um modo de ser apenas psicológico, mas na expressão total desses traços de caráter. Mais além, as noções de couraça do caráter e couraça muscular, por exemplo, articulam o resgate entre o que há de biológico e psicológico em nós, não enquanto duas entidades distintas, mas justamente como expressões diferentes de um mesmo modo de ser.
Atualmente, noções como autorregulação, bioenergia e intervenções somáticas no processo psicoterápico, encontram apoio, fundamentação e comprovação de sua potência, no avanço dos estudos neurofisiológicos. As abordagens baseadas no referencial reichiano têm alguns desses pontos citados em comum. O olhar para o corpo como sendo a própria história do indivíduo, suas formas e jeito único de se expressar no mundo.
O que somos, só pode ser, porque somos um corpo. Assim sendo, nas Psicoterapias Corporais, não se considera que temos um corpo, mas sim, que somos um corpo. O corpo é, justamente, a expressão dinâmica de tudo o que vivemos até então.
O trabalho clínico das Psicoterapias Corporais não nega a importância do simbólico e da análise do conteúdo, entretanto, lança mão de recursos que vão além do verbal, a fim de facilitar e ampliar o processo terapêutico.