Luto por acidente aéreo

  • post publicado em 22/08/24 às 10:14 AM
  • Tempo estimado de leitura: 5 minutos

 

 Perda de Familiares em Acidentes Aéreos: Um Olhar Psicológico sobre o Processo de Luto e Acolhimento

A perda de um ente querido é uma das experiências mais devastadoras que um ser humano pode vivenciar, especialmente quando ocorre de maneira repentina e traumática, como em acidentes aéreos. A recente tragédia envolvendo o voo da Voepass serve como um doloroso lembrete de que, para as famílias das vítimas, o caminho para a superação será longo e complexo. Neste contexto, entender o processo de luto e as formas de acolhimento é crucial para ajudar essas famílias a encontrar um caminho de cura.

É Possível Superar a Perda de um Parente?

A pergunta que frequentemente surge em momentos de tragédia é se é realmente possível superar a perda de um parente. Sob a perspectiva psicológica, a superação não significa esquecer ou anular a dor, mas sim aprender a conviver com ela. O luto é um processo natural e necessário, que permite aos enlutados gradualmente assimilar a perda e encontrar novos significados para suas vidas.

O psicólogo Colin Murray Parkes, especialista em luto, afirma que “o luto é o preço que pagamos pelo amor”. Essa frase encapsula a ideia de que o luto é uma resposta natural ao vínculo emocional que construímos com aqueles que amamos. Portanto, a superação envolve respeitar o luto como parte integral do processo de cura, aceitando que a dor é uma expressão desse amor.

Nem Todos Passam pelas Fases do Luto: A Importância de Sentir e Não Rotular

Embora o modelo das cinco fases do luto proposto por Elisabeth Kübler-Ross seja amplamente reconhecido, é fundamental compreender que nem todas as pessoas passam por essas fases de maneira linear ou mesmo as experimentam todas. O luto é uma experiência profundamente individual e pode se manifestar de formas variadas, dependendo da personalidade, do contexto e da natureza do relacionamento com o falecido.

Algumas pessoas podem não vivenciar certas fases, como a raiva ou a negação, e isso não significa que estejam lidando “incorretamente” com a perda. De fato, um dos erros comuns ao abordar o luto é tentar enquadrá-lo em estágios predefinidos, o que pode levar os enlutados a sentirem-se inadequados ou culpados por não seguirem esse padrão.

A psicóloga especialista em luto, Maria Helena Franco, salienta que “não devemos rotular as emoções do luto ou tentar encaixá-las em uma sequência específica. O mais importante é permitir que a pessoa enlutada sinta o que precisa sentir, sem julgamentos”. Ao invés de focar em categorizar o que se está sentindo, é mais produtivo encorajar a abertura emocional e a autenticidade nas experiências de luto, respeitando o ritmo e a forma como cada um processa sua dor.

 Escuta Atenta: O Valor de Ouvir sem Dar Palpites ou Sugestões

Quando alguém enfrenta o luto, o que mais necessita é ser ouvido e compreendido, não receber conselhos ou sugestões sobre como “deveria” lidar com sua dor. A escuta atenta, sem julgamentos ou interrupções, é uma das formas mais poderosas de apoio que se pode oferecer a uma pessoa enlutada.

A importância de escutar, sem tentar consertar ou direcionar o processo de luto, não pode ser subestimada. A terapeuta e autora Megan Devine, em seu livro “It’s OK That You’re Not OK”, destaca que “o que as pessoas em luto mais precisam é de alguém que possa sentar com sua dor sem tentar mudá-la ou consertá-la. Elas precisam ser ouvidas, não consertadas.”

Quando oferecemos sugestões ou tentamos minimizar a dor do outro, mesmo com as melhores intenções, corremos o risco de invalidar os sentimentos da pessoa enlutada. Frases como “você precisa ser forte” ou “ele está em um lugar melhor” podem parecer reconfortantes, mas muitas vezes causam mais dor, pois sugerem que a reação emocional do enlutado é excessiva ou inadequada.

A verdadeira empatia está em simplesmente estar presente, permitindo que o outro expresse sua dor sem interferência. Às vezes, a maior ajuda que podemos oferecer é o silêncio acolhedor e a disposição de ouvir, sem a necessidade de oferecer soluções.

As Fases do Luto: O Caminho da Dor à Aceitação

O processo de luto pode ser compreendido através do modelo das cinco fases desenvolvido por Elisabeth Kübler-Ross, que inclui:

1. Negação: Inicialmente, muitos podem encontrar dificuldade em aceitar a realidade da perda. No caso de acidentes aéreos, essa fase pode ser especialmente marcada pelo choque e pela incredulidade.

2. Raiva: Conforme a negação se dissipa, a raiva pode surgir, direcionada ao destino, às companhias aéreas, ou até mesmo ao próprio ente querido que se foi. Essa raiva é uma forma de tentar fazer sentido de uma situação que parece completamente injusta.

3. Barganha: A fase de barganha envolve pensamentos sobre o que poderia ter sido feito para evitar a tragédia, refletindo um desejo profundo de reverter a realidade.

4. Depressão: Com o tempo, a tristeza profunda se instala, acompanhada por sentimentos de vazio e desesperança. A depressão no luto é uma resposta normal e compreensível à magnitude da perda.

5. Aceitação: Finalmente, a aceitação começa a se manifestar. Não se trata de superar a dor, mas de aprender a viver com ela. A aceitação permite que os enlutados comecem a reconstruir suas vidas, encontrando novos significados e propósitos.

O Papel Fundamental do Acolhimento e do Suporte Psicológico

Durante todo esse processo, o acolhimento e o suporte psicológico desempenham papéis fundamentais. Estudos apontam que o suporte emocional adequado pode fazer uma grande diferença na maneira como as pessoas enfrentam o luto. Psicólogos especializados em luto estão preparados para ajudar os enlutados a expressar suas emoções, entender as fases do luto e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis.

O acolhimento não se resume ao suporte emocional imediato, mas também inclui o respeito pelo tempo de cada indivíduo. Cada pessoa lida com o luto de maneira única, e é importante que elas se sintam compreendidas e apoiadas durante todo o processo. Grupos de apoio, como os mencionados por Parkes, oferecem um espaço seguro para que os enlutados compartilhem suas experiências e encontrem conforto ao saber que não estão sozinhos em sua dor.

Superação: Reconstrução e Renascimento

Superar a perda de um ente querido não significa esquecer ou deixar de sentir saudade, mas sim encontrar uma nova forma de viver. Para algumas famílias, esse processo pode incluir a criação de rituais de lembrança, o envolvimento em causas que reflitam os valores do ente perdido, ou a busca por novos propósitos na vida.

Como destaca a psicóloga clínica Maria Júlia Kovács, especialista em tanatologia, “a ressignificação da vida após a morte de um ente querido é um processo que demanda tempo, apoio e, muitas vezes, a ajuda de um profissional”. Através de um acompanhamento psicológico adequado, as famílias podem encontrar maneiras de seguir em frente, honrando a memória de seus entes queridos enquanto continuam a viver.

Assim…

A perda de um ente querido é uma das experiências mais difíceis que alguém pode enfrentar, mas com o suporte certo, é possível encontrar um caminho de cura. Se você ou alguém que você conhece está passando por um processo de luto, especialmente após uma tragédia tão devastadora como a do voo da Voepass, considere buscar apoio especializado.

Aos psicólogos 

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.