As recomendações de uso das Técnicas de Reprodução Assistida ocorrem, em
geral, quando o casal não pode esperar muito tempo para engravidar. A fertilidade feminina
tende a diminuir a partir dos 35 anos, idade adulta na qual as exigências de produtividade
demandam cada vez mais em todas as áreas – o casal fica imerso na busca da realização
do projeto parental.
A vida é marcada por frustrações: lidar com elas é um dos principais desafios que
temos – é o que nos torna humanos. O diagnóstico de infertilidade se caracteriza como um
desses desafios, marcando um ponto de virada para a tomada de decisões na vida de um
casal. Aqueles que se submetem ao tratamento apresentam um quadro emocional marcado
por angústia intensa, prazo de tempo por vezes escasso e alta expectativa de que o médico
consiga lhe dar o tão sonhado filho. Nesse contexto, as representações sobre a vivência da
infertilidade produzem efeitos que desafiam o sentimento de bem-estar das pacientes. Para
aqueles que desejam realizar o projeto parental, tal realidade gera um desconforto que
muitas vezes se estende para além dos sentimentos já vividos ou conhecidos, o que é
agravado pela falta de data para o término desse ciclo.
Em função disso, a intervenção de outros profissionais, como psicólogos, no
processo pode ser vista como ameaçadora ou intrusiva, podendo intimidar ainda mais esses
pacientes, já que tal contato pode suscitar dúvidas quanto à possibilidade de a infertilidade
estar relacionada a questões emocionais; entretanto, é sabido que toda a situação de
estresse afeta o sistema imunológico, por isso, o casal precisa de um espaço para
descansar a mente, descansar o corpo e reconsiderar planos. O apoio psicológico é o
espaço concreto e simbólico para a expressão e a validação da perda da capacidade de
facilmente conceber. Se conscientizar sobre o que podemos (e não podemos) controlar e
sobre os nossos níveis de ansiedade e ter um objetivo ou algo a realizar enquanto os
procedimentos e investigações seguem são recursos valiosos para assegurar a saúde física
e mental. Um psicólogo pode ajudar o casal a se perguntar como desejam olhar para a vida
nessa ocasião, como aproveitar o dia a dia e a passagem do tempo e como refletir acerca
das habilidades, dos sonhos, do papel social do casal e do próprio espaço conjugal.
Psicóloga Dra Gisleine Lourenço CRP 07/07084
Capacitação em Reprodução Assistida pela SBRA
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