

Nos últimos dias, os noticiários têm sido dominados por temas densos e impactantes: o avanço de um projeto de lei que desmonta a proteção ambiental no Brasil (Devastation Bill), tensões políticas que envolvem ex-presidentes e crises diplomáticas com potências internacionais, e a iminência de uma guerra comercial que ameaça empregos, estabilidade e saúde coletiva. O que tudo isso tem a ver com a Psicologia?
Tudo!
Crise ambiental também é crise emocional
O Devastation Bill, recém-aprovado na Câmara, sinaliza um retrocesso histórico nas políticas de proteção ambiental. Mas não se trata apenas da natureza em risco. A Psicologia já compreende que há uma ligação direta entre meio ambiente e saúde mental:
- A destruição ambiental gera ecoansiedade, um sentimento real de angústia frente à devastação do planeta (Clayton et al., 2017).
- Povos originários, comunidades rurais e urbanas sofrem o impacto psicossocial da perda de território, cultura e pertencimento (Almeida & Santos, 2021).
- Psicólogos ambientais e sociais alertam para os efeitos de longo prazo da sensação de impotência diante de políticas que colocam em risco o futuro das próximas gerações.
Instabilidade política e insegurança coletiva
Quando o Estado vive momentos de instabilidade — como a judicialização de ex-presidentes e o aumento da polarização —, a sociedade sente. A insegurança institucional impacta diretamente a saúde psíquica coletiva. Medo, raiva, ressentimento e desesperança tornam-se sentimentos cotidianos.
A Psicologia Política, campo em crescente expansão, tem o papel de escutar a população, mediar conflitos e construir espaços de reflexão coletiva, ajudando a transformar o sofrimento em ação cidadã.
Risco econômico e saúde mental no trabalho
As ameaças de ruptura comercial com grandes parceiros como os Estados Unidos, com possibilidade de imposição de tarifas altíssimas, geram medo no setor produtivo, nas famílias e nas organizações.
Segundo a OMS (2022), o risco de desemprego, insegurança alimentar e incertezas econômicas são fatores de risco para transtornos como ansiedade, depressão e burnout. A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), mais do que nunca, deve estar presente:
- Prevenindo adoecimentos emocionais;
- Implantando programas de acolhimento (como o nosso projeto Todos Cuidados);
- Contribuindo com estratégias de fortalecimento emocional em tempos de crise.
Conheça nosso trabalho em https://saudeexecutiva.com/
Psicologia atuante é psicologia presente
Diante de um país em crise, não podemos silenciar. A psicologia precisa estar:
- Nos espaços de formulação de políticas públicas, pensando estratégias de proteção social;
- Nas escolas e comunidades, acolhendo os afetos da juventude diante do futuro incerto;
- Nas empresas, cuidando da saúde emocional dos trabalhadores;
- Nos consultórios e clínicas, ajudando cada sujeito a lidar com a avalanche de informações, incertezas e angústias.
O Instituto Suassuna forma psicólogos para esse mundo
É por isso que nossas pós-graduações são comprometidas com a atuação concreta:
Não queremos apenas formar especialistas, mas profissionais prontos para intervir com ética, técnica e sensibilidade.
📚 Algumas de nossas pós-graduações diretamente ligadas aos temas deste texto:
- Psicologia Política e Direitos Humanos
- Psicologia Organizacional e do Trabalho
- Psicologia Ambiental
- Saúde Coletiva e Clínica Ampliada
- Psicologia Clínica com ênfase no luto, trauma e sofrimento social
📍 E quando a dor ultrapassa o individual, o Instituto Suassuna também está presente por meio do nosso projeto Todos Cuidados, oferecendo atendimento psicológico acessível, humano e ético, realizado por psicólogos supervisionados e formados com excelência.
faça terapia. O cuidado psicológico é essencial
Quando o país adoece, não podemos esperar a cura de forma passiva. É preciso agir. E a Psicologia, quando atua com coragem, conhecimento e sensibilidade, torna-se ferramenta poderosa para atravessar a crise, reconstruir o laço social e resgatar a esperança. O cuidado psicológico não é luxo: é condição de saúde pública.
Por isso, se você está se sentindo sobrecarregado, desmotivado ou angustiado com tudo o que está acontecendo — faça terapia. Procurar ajuda é um ato de coragem, e não de fraqueza. É a decisão consciente de cuidar de si, para então poder cuidar do outro e do mundo à sua volta.
O Instituto Suassuna oferece o projeto Todos Cuidados, uma rede de atendimento psicológico acessível e humanizado, com psicólogos formados e em formação avançada, todos supervisionados por especialistas. Estamos preparados para acolher sua dor, escutar sua história e caminhar com você.
“Em tempos de crise, é preciso mais psicólogos — e mais psicólogos preparados para atuar onde a dor se manifesta.”
— Dr. Danilo Suassuna, psicólogo e doutor em Psicologia
Aprofundando
Crise ambiental também é crise emocional, com certeza!
O projeto de lei apelidado de Devastation Bill, aprovado pela Câmara dos Deputados, representa um marco negativo na política ambiental brasileira. Ao reduzir drasticamente a proteção de áreas de preservação e flexibilizar licenciamentos ambientais, ele compromete não apenas o futuro ecológico do país, mas também a saúde mental da população. Estudos internacionais já apontam a existência de um novo fenômeno chamado “ecoansiedade”, uma angústia emocional relacionada à degradação do planeta e às incertezas sobre o futuro ambiental (Clayton et al., 2017; APA, 2020).
Essa angústia não é apenas simbólica. Crianças, adolescentes e jovens — especialmente das novas gerações engajadas em pautas climáticas — sentem-se desamparados diante da inação política e da destruição ambiental. Isso pode gerar sintomas como insônia, irritabilidade, crises de choro, desesperança e sentimento de impotência. A psicologia ambiental e a psicologia do desenvolvimento têm se debruçado sobre essas manifestações emocionais como reflexos de uma ética do cuidado que está sendo negligenciada pelas lideranças públicas e privadas.
Além disso, o impacto é desigual: comunidades ribeirinhas, indígenas, quilombolas e agricultores familiares sofrem perdas concretas com as mudanças legislativas. Para essas populações, o território é também espaço de memória, identidade e pertencimento — e sua perda representa um trauma coletivo que a psicologia social deve acolher, compreender e ajudar a elaborar. A invisibilização dessas vozes e saberes tradicionais aprofunda o sentimento de exclusão e pode agravar indicadores de depressão, ansiedade e suicídio nessas comunidades.
A psicologia precisa estar nos debates ambientais com a mesma força que está nas políticas públicas de saúde. Os profissionais devem atuar em ações de educação ambiental, mediação de conflitos socioambientais, promoção da saúde mental em zonas de risco ecológico e desenvolvimento de políticas intersetoriais que considerem o ser humano como parte do ecossistema e não apenas como explorador da natureza.
A política e a insegurança coletiva
Os desdobramentos jurídicos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e as tensões com os Estados Unidos reacenderam polarizações políticas intensas no Brasil. Para além das disputas partidárias, há um impacto emocional profundo na população: sentimentos de medo, raiva, desesperança e desconfiança nas instituições tornam-se frequentes. A Psicologia Política tem chamado a atenção para o adoecimento coletivo que ocorre quando as estruturas de confiança social são abaladas (Montero, 2006).
A insegurança institucional desestrutura os vínculos simbólicos que sustentam a vida em sociedade. Quando cidadãos não se sentem protegidos ou representados por seus líderes e por seus sistemas de justiça, cresce a vulnerabilidade psíquica. É comum, em contextos assim, o surgimento de sintomas como ansiedade generalizada, distúrbios do sono e hiperalerta. Esse estado de estresse crônico, muitas vezes silencioso, compromete a saúde integral do sujeito e, por consequência, das comunidades.
Em paralelo, observamos um aumento das expressões de violência — simbólica e física — nas redes sociais, nos espaços públicos e até nas famílias. A polarização extrema produz rupturas afetivas, alimenta discursos de ódio e mina as possibilidades de diálogo. A Psicologia, com sua escuta qualificada, pode ajudar a restabelecer pontes e reconstruir narrativas mais saudáveis de convivência democrática. O cuidado com o outro começa pelo reconhecimento de sua dor e de sua subjetividade.
A atuação da Psicologia neste campo não se resume ao consultório. Ela se estende aos espaços legislativos, escolas, mídias, sindicatos, movimentos sociais e programas de justiça restaurativa. Nossos profissionais devem ser preparados para promover saúde psíquica em contextos de alta complexidade, ajudando a sociedade a compreender que o sofrimento político não é fraqueza individual, mas reflexo de estruturas desiguais e doentias.