Covid – Carga viral ou emocional

  • post publicado em 29/07/20 às 21:40 PM
  • Tempo estimado de leitura: < 1 minutos

 

Atendendo uma pessoa muito querida recentemente, me deparei com uma fala muito boa e até pedi um minuto para anotar. A família toda esteve em momento complicado em meio à Covid-19. O filho virou enfermeiro e doente ao mesmo tempo. Cuidava do pai, da mãe, e quando sobrava um tempo, atendia, por meio de mídias sociais, algumas demandas de outros membros da família… Ah! e cuidava de si também, às vezes. Daí surgiu nossa intrigante conversa. “Estamos aqui falando de quê?” – me perguntou ele, e continuou… “de uma carga viral ou emocional?”.

            Quantos são os sentimentos e sensações, muitas vezes deixados de lado, ignorados, tanto em cuidadores formais, informais ou mesmo o cuidador familiar – doente ou não. Para além de um vírus e uma pandemia, temos pessoas que sofrem arduamente na tarefa do cuidar. Fica a dor de reconhecer a derrota diante um inimigo invisível.

            Para quem passa ou passou pela experiência, ficam momentos de angústia e temor frente a incapacidade ou a impossibilidade de agir; sobra a espera, e quem sabe o suspiro por um resultado melhor. Àqueles que perderam entes queridos, a dor da perda e da “não” despedida.

            Em tempos de pandemia e sofrimentos, é certo estarmos atentos, a todo instante, ao momento em que a carga viral está alta ou baixa, o nível de saturação, e outros mil indicadores de saúde (que são de suma importância). Porém, em nenhum momento, aventa-se perguntar sobre a saúde emocional, seja do paciente, seja do cuidador.

            Palavra simples, mas com implicações infinitas. Perceber o Outro para além de si é deixar-se de lado em detrimento de outrem, e isso pesa muito. Seguindo um velho ensinamento, considero importante “amar ao próximo como a ti mesmo”.

Abraço

@danilosuassuna

@antoniojosemarquesromano

Foto de Nandhu Kumar no Pexels

Compartilhe esse conteúdo:

Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.