

Cordão de Girassóis, Deficiências Ocultas e o Direito ao Cuidado Psicológico: Porque Aqui, Todos São Cuidados
No Brasil, vivemos um momento histórico no campo da inclusão. A recente aprovação da Lei 14.624/2023, que oficializa o uso do cordão de girassóis como símbolo nacional para pessoas com deficiências ocultas, representa um avanço fundamental na luta por respeito, visibilidade e acolhimento às pessoas cujas condições não são imediatamente perceptíveis, mas que impactam significativamente suas vidas.
Por trás desse símbolo tão singelo, que ganhou força internacional, existe uma realidade urgente: há milhões de pessoas que vivem com sofrimento, limitações e estigmas sem que a sociedade as reconheça como parte do público prioritário no atendimento em serviços, transportes e espaços coletivos. Mais do que isso, elas seguem invisíveis também nos cuidados em saúde mental, apesar das repercussões emocionais e psicológicas que essas deficiências ocultas acarretam.
Neste artigo, queremos refletir sobre o papel do cuidado psicológico como direito humano fundamental para essas pessoas – um direito que, no Instituto Suassuna e através do projeto Todos Cuidados, já é realidade.
Deficiências Ocultas: O que são e por que falar sobre elas importa
Diferente das deficiências físicas, sensoriais ou motoras facilmente identificáveis, as deficiências ocultas são aquelas que não apresentam sinais visíveis, mas que demandam adaptações, compreensão social e – sobretudo – cuidado. Entre elas estão:
- Transtorno do Espectro Autista (TEA) – que pode se manifestar com níveis variados de comprometimento social, sensorial ou comportamental;
- Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) – que impactam foco, organização e regulação emocional;
- Deficiências cognitivas leves ou moderadas – que afetam o aprendizado e a adaptação social;
- Transtornos mentais como depressão, ansiedade, fobias sociais e transtorno bipolar – que causam sofrimento psíquico, prejuízos funcionais e isolamento;
- Condições neurológicas e sensoriais – como epilepsia, enxaqueca crônica, surdez parcial e outras condições que exigem adaptações.
Essas condições não são imediatamente percebidas, mas produzem sofrimento e limitações tão reais quanto qualquer deficiência física. A ausência de sinais externos leva muitas vezes à invisibilidade social, à negligência institucional e até à negação do sofrimento vivido.
O que diz a Lei 14.624/2023?
A nova legislação determina que o cordão de girassóis passa a ser reconhecido como instrumento oficial de identificação de pessoas com deficiências ocultas, permitindo a elas o acesso a atendimento preferencial em espaços públicos e privados, além de proteção contra constrangimentos e julgamentos indevidos.
O texto legal reforça que os estabelecimentos devem respeitar os direitos dessas pessoas, mesmo que não apresentem sinais visíveis de deficiência.
Esse reconhecimento é uma conquista importante. Ele protege, informa, acolhe e educa. Mas ele também nos convida a olhar além do símbolo.
Cuidado Psicológico: Um Direito que Ainda Precisa Ser Garante
Apesar do avanço representado pela nova legislação, o cuidado psicológico ainda é negligenciado nas políticas públicas voltadas às deficiências ocultas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência. Dentre elas, uma em cada quatro apresenta sofrimento psíquico associado. Não é difícil compreender: viver com uma condição que não é reconhecida, validada ou acolhida provoca impactos emocionais profundos. E quando a deficiência é invisível, o risco de solidão, autodepreciação, baixa autoestima e abandono aumenta significativamente.
Segundo autores como Donald Winnicott, a saúde mental não se refere apenas à ausência de transtornos, mas à possibilidade de existir com continuidade, com suporte e com possibilidade de expressão emocional. Quando uma pessoa com autismo leve ou TDAH é sistematicamente ignorada ou rotulada como “preguiçosa”, “mal-educada” ou “desinteressada”, ela não apenas sofre, mas perde o direito de ser compreendida.
É nesse ponto que a psicologia se torna parte indispensável do processo de inclusão.
Todos Cuidados: Aqui, o cuidado psicológico é prioridade
No Instituto Suassuna, entendemos que incluir é mais do que garantir acesso físico – é garantir espaço psíquico. É permitir que cada sujeito possa viver sua singularidade com dignidade e suporte.
O projeto Todos Cuidados nasceu com essa missão: oferecer atenção psicológica acessível, ética e acolhedora, especialmente para populações vulneráveis e grupos invisibilizados. Isso inclui pessoas com deficiências ocultas, que frequentemente chegam até nós sem diagnósticos claros, sem apoio familiar e sem nenhum acompanhamento anterior.
Nosso modelo inclui:
- Avaliação psicológica especializada, com escuta ativa e sem julgamentos;
- Acompanhamento contínuo com profissionais experientes, preparados para lidar com neurodiversidade e sofrimento psíquico;
- Encaminhamentos para outros profissionais da saúde, quando necessário, promovendo cuidado interdisciplinar;
- Acolhimento familiar, com orientação e escuta das angústias de quem cuida.
E, sobretudo, oferecemos o que muitas dessas pessoas nunca receberam: reconhecimento. A possibilidade de dizer “você não está sozinho” e de sustentar esse cuidado ao longo do tempo.
Mais que empatia… seja gentil
A imagem do cordão de girassóis circulou pelas redes sociais acompanhada da frase “Seja gentil”. Essa orientação é fundamental – mas, no nosso entendimento, gentileza não pode ser o fim. Ela deve ser o começo.
Mais que empatia… seja gentil com aquele que você não compreende à primeira vista.
Mais que educação… seja apoio para quem enfrenta o invisível todos os dias.
Mais que compaixão… ajude a construir uma cultura de cuidado real.
Porque, como nos ensina a psicologia do desenvolvimento, sem ambiente de acolhimento, não há amadurecimento possível.
E agora? Junte-se a nós no compromisso com o cuidado integral
O cordão de girassóis é um símbolo de visibilidade. Mas não basta ver. É preciso cuidar.
Se você convive com pessoas com deficiências ocultas, se você é um profissional da saúde, da educação, da gestão pública ou simplesmente alguém comprometido com um mundo mais justo, conheça e apoie o projeto Todos Cuidados.
Aqui, o cuidado psicológico não é uma promessa – é uma prática. É uma prioridade. É um direito.
Acesse: www.institutosuassuna.com.br/todoscuidados
Divulgue. Participe. Indique.
Porque a saúde mental também é inclusão.
E aqui, todos são cuidados.