Como falar sobre a morte com crianças e adolescentes

  • post publicado em 25/10/23 às 13:50 PM
  • Tempo estimado de leitura: 3 minutos

 

Abordar a questão da morte com crianças e adolescentes é um desafio importante, e uma perspectiva humanista-existencialista e fenomenológica pode oferecer uma abordagem valiosa para compreender e auxiliar nesse processo. Aqui estão algumas considerações sobre como você pode abordar esse tema de maneira eficaz, incorporando elementos lúdicos e outros aspectos importantes:

Reconhecimento da finitude humana:

Uma perspectiva humanista-existencialista enfatiza a importância de reconhecer a finitude da vida humana. Explique às crianças e adolescentes que a morte é uma parte natural da vida e que todos os seres vivos eventualmente morrem.

Abordagem fenomenológica:

A fenomenologia nos ensina a explorar a experiência subjetiva das crianças e adolescentes em relação à morte. Faça perguntas abertas e deixe que eles expressem seus sentimentos, pensamentos e preocupações sobre o assunto. Ouça atentamente suas experiências individuais.

Autenticidade e honestidade:

Uma abordagem humanista-existencialista enfatiza a autenticidade. Seja honesto ao responder às perguntas das crianças e adolescentes sobre a morte. Evite dar respostas simplistas ou enganosas, pois isso pode criar confusão ou medo.

Explorar a relação entre vida e morte:

Lembre-se de que “Falar de morte também é falar de vida”. Ajude as crianças e adolescentes a entenderem que a morte faz parte do ciclo da vida e que nossa compreensão da vida pode ser enriquecida pela reflexão sobre a morte.

Uso do lúdico:

Introduza elementos lúdicos ao abordar o tema da morte. Brincadeiras, jogos e atividades criativas podem ser maneiras eficazes de permitir que as crianças expressem seus sentimentos e pensamentos sobre a morte de maneira não ameaçadora.

Separar a dor do adulto:

Reconheça que a dor dos adultos pode às vezes ser projetada nas crianças. É importante ajudar os adultos a separar suas próprias emoções da experiência das crianças, permitindo que estas processem a morte de acordo com seu nível de compreensão e desenvolvimento emocional.

Traumas durante o COVID-19:

O que aconteceu durante a pandemia do COVID-19 pode ter reacendido algumas “feridas ainda não cicatrizadas”. Reconheça que a perda de entes queridos durante esse período pode ter sido especialmente difícil, e aborde essas experiências com sensibilidade.

A importância da família:

A família desempenha um papel crucial no acolhimento dos sentimentos das crianças e adolescentes. Encoraje a comunicação aberta e o apoio mútuo dentro da família durante o processo de luto.

A morte como um processo:

Para familiares que têm entes queridos em situações críticas, como UTI, explique que a morte não acontece de um dia para o outro, mas é um processo. Ajude-os a entender que a morte pode ser vista como uma transição e que é importante estar presente e apoiar o ente querido durante esse período.

Luto como um processo individual:

Mais do que simples ausência e vazio, o luto é um processo individual que deve ser vivenciado por cada pessoa a seu modo. Incentive as crianças, adolescentes e adultos a respeitar seus próprios ritmos de luto e a buscar apoio quando necessário.

Ao incorporar esses elementos, você pode criar uma abordagem mais completa e compassiva para discutir a morte com crianças, adolescentes e suas famílias, ajudando-os a compreender e lidar com essa parte inevitável da experiência humana.

Por fim e não menos importante

A verdade liberta:

Lembre-se sempre de ser sincero e não contar mentiras ou criar ideias fantasiosas ao falar sobre a morte de alguém. A verdade liberta. Embora possa ser difícil, a honestidade é essencial para que as crianças e adolescentes compreendam e processem a morte de maneira saudável. A mentira pode causar confusão e dificultar o processo de luto. Ao compartilhar a verdade com empatia e apoio, você ajuda a construir confiança e a promover um ambiente onde as emoções possam ser expressas de forma genuína.

Com esses princípios em mente, você estará fornecendo orientação sólida e compassiva ao abordar a questão da morte com crianças, adolescentes e suas famílias, permitindo que eles enfrentem esse aspecto inevitável da vida com compreensão e apoio adequados.

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.