A Vivência da Sexualidade na Contemporaneidade

  • post publicado em 18/09/23 às 17:26 PM
  • Tempo estimado de leitura: 2 minutos

 

Por Imacolada Marino Gonçalves

Atualmente as pessoas têm a possibilidade de estarem conectadas com milhares de outras no mundo virtual, mas ao mesmo tempo podem sentir-se ou estar solitárias no mundo real?

Creio que podemos refletir sobre essa questão, para tanto, seguem algumas considerações:

Acredito que vivência da sexualidade está na forma de sentir o corpo, de comunicar-se, de manifestar afeto e expressar sentimentos, desejos e prazeres corporais e emocionais. É a energia que motiva o indivíduo a buscar o contato, a intimidade, a ternura, o amor, evidenciando-se nos movimentos das pessoas, ou seja, como elas tocam e são tocadas. É uma qualidade individual e também relacional. Está no toque, no olhar, no aroma, no timbre da voz, no abraço, no beijo, em qualquer carícia, como também nas relações sexuais, tais como o coito em suas centenas de posições, auto erotização, fantasias sexuais. O sexo, na condição de gênero masculino ou feminino, bem como sinônimo de relação sexual, é fenômeno universal, considerado necessidade primária do indivíduo, sendo que a forma de procurá-lo é que varia de um povo para outro, de cultura para cultura, e mesmo de pessoa para pessoa. No âmbito das práticas sexuais, o “normal” é justamente a diversidade, legitimando a orientação sexual. Heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade; certamente, o esperado é que as pessoas que se envolvem num relacionamento sexual o façam por atração e afeto, sendo que esse encontro deve culminar com gratificação a ambos, proporcionando-lhes prazer, bem-estar e, sobretudo, um engrandecimento interior. Por fim, sexo sadio é aquele que satisfaz e não causa prejuízo físico, psíquico e social a ninguém.

Penso que as relações, seja de amizade ou de amor, necessitam ser cultivadas e cultuadas, permitindo ao Ser humano o “diálogo real” onde a intimidade, ternura e amor sobrepujam as mensagens digitadas ou pelo webcam. O exercício da sexualidade é um processo evolutivo que dura toda a vida, pelo qual nascemos e nos reproduzimos e está intimamente associado ao desenvolvimento biológico, psicológico e social, contribuindo para a formação da personalidade e realização pessoal. Para que o exercício da sexualidade possa ser vivido de maneira plena, qualitativa, saudável, prazerosa e com responsabilidade ética, afetiva e corporal, há a necessidade “da presença” do outro. No tocante às relações afetivas e sexuais no mundo virtual, falta literalmente o conhecimento do verdadeiro sentido do exercício da sexualidade, falta “a presença”.

Não pretendo, com esta reflexão, de forma alguma, desvalorizar a ciência, nem tampouco desprezar a tecnologia, acredito que, os avanços tecnológicos, a internet, as mídias e redes sociais cooperam para aproximar os que estão distantes geograficamente e contribuem como ferramenta importantíssima e sobremaneira para tanto. O que ocorre é que, infelizmente, o homem pós-moderno, estimulado através de tantos instrumentos tecnológicos, muitas vezes, está distanciando-se de pessoas que estão próximas e, consequentemente, contribuindo para uma visão reducionista do exercício da sexualidade

Estamos vivendo um momento histórico, onde a mídia preconiza a promoção do “processo de humanização”, principalmente na área da saúde. Levanto aqui um questionamento, será que em breve trataremos também de promover a “humanização da sexualidade? ”.

Compartilhe esse conteúdo:

Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Pós doutorando em Educação, Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela PUC-GO. Especialista em Gestalt-terapia pelo ITGT – GO. Foi professor da PUC-GO e do ITGT-GO entre os anos de 2006 e 2011.

É CEO, membro fundador e professor do Instituto Suassuna (IS-GO) e membro do Conselho Consultivo da Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad – hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC-Minas).

É autor dos livros: – Histórias da Gestalt – terapia no Brasil – Um estudo historiográfico – Organizador do livro Renadi: a experiência do plantar em Goiânia – Organizador do livro Supervisão em Gestalt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia.