A Psicologia na Reprodução Humana Assistida: Onde Estamos Hoje

  • post publicado em 25/11/24 às 13:34 PM
  • Tempo estimado de leitura: 3 minutos

 

A Psicologia na Reprodução Humana Assistida: Onde Estamos Hoje?

Estamos no ano de 2024!

A Psicologia dentro da Reprodução Humana Assistida (RHA) consolidou-se como uma área indispensável para a abordagem multidimensional do paciente e das famílias que enfrentam os desafios da infertilidade e dos tratamentos associados. Atualmente, essa prática não se limita ao suporte emocional; ela se expandiu para contemplar questões éticas, subjetivas, relacionais e até mesmo tecnológicas, acompanhando os avanços médicos e laboratoriais.

É válido lembrar que, fomos, o Instituto Suassuna, a primeira instituição a pensar a pós- graduação nesta área de atuação!

Principais Avanços e Contribuições da Psicologia na RHA

1. Suporte Emocional e Saúde Mental Perinatal

• A psicologia atua como um pilar para ajudar pacientes a lidar com as emoções intensas e contraditórias que permeiam os tratamentos de RHA, como ansiedade, frustração, culpa e esperança.

• Temas como transtornos mentais perinatais e os impactos emocionais de técnicas como ovorecepção e gestação de substituição têm ganhado espaço, evidenciando a relevância do cuidado psicológico em diferentes etapas do processo.

2. Vinculação Parental e Dinâmicas Familiares

• A psicologia tem contribuído para compreender e mediar os processos de vinculação parental, especialmente em situações complexas como doação de gametas entre parentes ou gestações de substituição.

• Os vínculos formados antes, durante e após os tratamentos são cada vez mais explorados, oferecendo uma perspectiva essencial para a saúde relacional e familiar.

3. Inclusão do Fator Masculino

• A recente ampliação do olhar para a psicologia masculina dentro da RHA marca um avanço significativo. Homens, antes frequentemente excluídos das discussões, agora recebem atenção como figuras centrais no processo, seja para lidar com sua infertilidade ou para apoiar emocionalmente suas parceiras.

4. Ética e Subjetividade

• Questões éticas, como os impactos da IA na escolha de embriões e os dilemas relacionados ao destino de embriões excedentes, destacam a necessidade de uma abordagem psicológica para mediar decisões e conflitos éticos.

• A subjetividade do paciente e suas vivências, em contraste com os avanços tecnológicos, têm sido temas recorrentes, mostrando como a psicologia equilibra os aspectos humanos em um campo altamente técnico.

5. Interdisciplinaridade

• A psicologia na RHA hoje é uma prática altamente interdisciplinar, colaborando com médicos, embriologistas, enfermeiros e outros profissionais. Essa integração permite uma abordagem mais completa e personalizada, que contempla o corpo, a mente e as relações sociais do paciente.

Desafios e Perspectivas Futuras

1. Sub-representação nos Avanços Tecnológicos

• Apesar de temas como a subjetividade frente à inteligência artificial serem debatidos, a psicologia ainda pode ampliar sua contribuição no entendimento do impacto emocional das tecnologias emergentes, como a IA e a automação.

2. Expansão do Suporte Masculino

• Embora o fator masculino esteja sendo mais abordado, ainda é necessário desenvolver intervenções psicológicas específicas e estudos que contemplem a experiência emocional dos homens nesse contexto.

3. Atenção à Diversidade Familiar

• Com a inclusão de novas configurações familiares (casais homoafetivos, homens trans gestantes e famílias monoparentais), a psicologia precisa se adaptar para atender às demandas emocionais e éticas específicas dessas populações.

4. Abordagem Longitudinal

• Existe uma oportunidade de expandir o suporte psicológico para além da gestação, acompanhando pacientes durante o pós-parto e em questões como adoção ou o luto pela perda da fertilidade.

Onde Estamos Hoje?

A psicologia na RHA está em um ponto de maturidade, mas ainda em expansão. Já se consolidou como uma área essencial para o sucesso terapêutico, focando não apenas na saúde mental, mas também em aspectos relacionais e éticos. No entanto, existe um vasto espaço para crescimento, especialmente no acompanhamento de populações sub-representadas, na interface com a tecnologia e na ampliação da interdisciplinaridade.

Essa área reflete o equilíbrio entre a ciência e o cuidado humano, mostrando que, na RHA, os avanços técnicos são tão importantes quanto o acolhimento emocional e a escuta atenta. A psicologia não apenas acompanha os avanços, mas também dá voz à subjetividade e às vivências humanas em um campo repleto de desafios e possibilidades.

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Danilo Suassuna
Danilo Suassuna

Dr. Danilo Suassuna Martins Costa CRP 09/3697 CEO do Instituto suassuna, membro fundador e professor do Instituto Suassuna ; Psicoterapeuta há quase 20 anos, é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás(PUC-GO);

Especialista em Gestalt-terapia pleo Instituto de Treinamento e Pesquisa em Gestal-terapia de Goiânia (ITGT - GO). Doutor e Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008) possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Pós-Doutorando em Educação;

Autor dos livros:

  • Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico;
  • Renadi - Rede de atenção a pessoa idosa;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia; Teoria e Prática;
  • Supervisão em Gestalt-Terapia: O cuidado como figura;

Foi professor da PUC - GO e do ITGT - GO entre os anos de 2006 e 2011; Membro do Conselho Consultivo da Revista da Aborgagem Gestáitica: Phenomenological Studies (RAG), além de consultor Ad - hoc da Revista em Psicologia em Revista (PUC - Minas); Organizador do livro Supervisão em Gestaltt-Terapia, bem como autor de artigos na área da Psicologia; Professor na FacCidade.

Acesse o Lattes: http://lattes.cnpq.br/8022252527245527