A Psicologia da Saúde e Hospitalar é uma subárea da psicologia que se dedica ao estudo e intervenção nos aspectos psicológicos relacionados à saúde, doença e ao contexto hospitalar. Essa área busca compreender como fatores os psicológicos influenciam a saúde e a doença, além de oferecer suporte emocional, orientação e intervenção psicológica a pacientes, familiares e profissionais de saúde.
A atuação nesta área tem como principal objetivo compreender a interação entre fatores psicológicos e o processo de saúde e doença. Ela reconhece que aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais desempenham um papel significativo na saúde global dos indivíduos.
Identificar precocemente sinais de problemas de saúde mental ou as fragilidades psicológicas que chegam a partir do adoecimento fisiológico é fundamental. Os psicólogos da saúde podem intervir precocemente, oferecendo suporte emocional, fornecendo estratégias de enfrentamento e encaminhando para tratamento adequado, o que pode prevenir o agravamento dos sintomas (Alves, 2011).
Além disso, a atuação dos profissionais nessa área vai além do suporte psicológico aos pacientes. Eles também desempenham um papel fundamental na promoção de estratégias de enfrentamento saudáveis, no apoio à adesão ao tratamento médico, na gestão do estresse associado às condições de saúde e na melhoria da qualidade de vida (Barros-Delben, Cruz, Trevisan, et. al., 2020).
O suporte emocional estendido aos familiares e cuidadores é outra dimensão importante, pois a saúde de um indivíduo muitas vezes está interligada com o bem-estar emocional de seus entes queridos (Mendes, 2012). Além disso, os psicólogos da saúde trabalham colaborativamente com a equipe médica, proporcionando treinamento, orientação e suporte para lidar com as complexidades emocionais associadas ao ambiente hospitalar (Barros-Delben, Cruz, Trevisan, et. al., 2020). Aqui estão alguns aspectos-chave da Psicologia da Saúde e Hospitalar:
- Avaliação e Intervenção em Pacientes: Psicólogos da saúde e hospitalares trabalham diretamente com pacientes, ajudando na avaliação e tratamento de questões psicológicas relacionadas à doença. Isso pode incluir o manejo de estresse, ansiedade, depressão, enfrentamento de diagnósticos graves, adesão ao tratamento e promoção de mudanças de estilo de vida.
- Apoio aos Familiares: A doença de um ente querido pode ter impactos significativos na família. Psicólogos hospitalares oferecem suporte psicológico também aos familiares, ajudando-os a lidar com o estresse, compreender a condição do paciente e desempenhar um papel eficaz no processo de tratamento e recuperação.
- Intervenção em Situações de Crise: Em emergências médicas ou de crise, os psicólogos da saúde podem intervir para fornecer suporte emocional imediato a pacientes e familiares, auxiliando na adaptação a novas circunstâncias.
- Adaptação a Condições Crônicas: Quando lidando com condições de saúde crônicas, os psicólogos da saúde ajudam os pacientes a ajustarem-se à nova realidade, a lidar com as limitações físicas e a manter uma boa qualidade de vida psicológica.
- Treinamento e Suporte a Profissionais de Saúde: Psicólogos da saúde e hospitalares também trabalham com profissionais de saúde, oferecendo treinamento, cuidado e suporte para lidar com questões emocionais difíceis, gerenciamento de estresse e prevenção do esgotamento profissional.
- Promoção da Adesão ao Tratamento: Ajudar os pacientes a entenderem e aderir ao tratamento médico é uma parte essencial da atuação dos psicólogos hospitalares. Isso inclui abordar barreiras emocionais, educacionais e práticas que possam impactar a adesão.
- Pesquisa e Desenvolvimento de Programas: Além das intervenções clínicas, os psicólogos da saúde podem estar envolvidos em pesquisas para entender melhor como os fatores psicológicos influenciam a saúde. Eles também podem desenvolver programas e políticas para melhorar o suporte psicológico dentro e fora dos ambientes hospitalares.
Essa área da Psicologia desempenha um papel importante na abordagem holística da saúde, reconhecendo a interconexão entre fatores psicológicos, sociais e físicos na promoção do bem-estar e tratamento de condições médicas.
Por isso, a formação sistêmica pode ser benéfica para psicólogos da saúde que trabalham em hospitais ou em ambientes de saúde por vários motivos. A abordagem sistêmica no campo da Psicologia considera não apenas o indivíduo, mas também os sistemas mais amplos nos quais ele está inserido, como a família, o ambiente social, profissional e cultural. Algumas razões pelas quais a formação sistêmica pode ser valiosa para os psicólogos da saúde hospitalar (Mendes, 2012):
- Compreensão holística: A abordagem sistêmica enfatiza a compreensão holística do paciente, levando em consideração não apenas os sintomas individuais, mas também os fatores contextuais, relacionais e familiares que podem influenciar a saúde mental.
- Abordagem de rede de suporte: Ao considerar as relações familiares e sociais, os psicólogos sistêmicos podem ajudar a identificar e fortalecer a rede de suporte do paciente. Isso é particularmente relevante em ambientes hospitalares, onde o apoio emocional pode desempenhar um papel significativo na recuperação.
- Intervenção nas dinâmicas familiares: A formação sistêmica capacita os psicólogos a intervir nas dinâmicas familiares, promovendo uma compreensão mais profunda das interações familiares e como elas podem impactar a saúde mental do paciente, contribuindo de forma significativa para um bom prognóstico do paciente.
O trabalho em equipe, seja em ambientes hospitalares, núcleos de saúde, contextos clínicos, reforçam a importância do trabalho no formato interdisciplinar, que é o que mais se aproxima da condição ocupacional sistêmica. Uma formação sistêmica pode facilitar a colaboração eficaz com outros profissionais de saúde, reconhecendo e compreendendo a influência de diferentes fatores no paciente. Trabalhar em estreita colaboração com outros profissionais de saúde permite uma abordagem holística na prevenção e intervenção precoce. A troca de informações entre psicólogos, médicos, enfermeiros e outros membros da equipe contribui para uma compreensão mais abrangente das necessidades do paciente (Lopes, Silva, Reis & Silva, 2022).
Nos contextos de saúde, a atuação do Psicólogo da Saúde e Hospitalar lida diretamente com aspectos quem podem fortalecer as condutas de prevenção e a intervenção precoce, além de legitimar a abordagem sistêmica ajudando os profissionais psicólogos da saúde a identificarem padrões familiares ou de relacionamento que possam contribuir para a saúde mental do paciente. Isso permite a implementação de estratégias preventivas e intervenções precoces.
Ao adotar uma abordagem sistêmica, os psicólogos da saúde podem identificar fatores de risco psicossociais que podem contribuir para problemas de saúde mental, psicológico, biológica e social. Eles podem trabalhar com indivíduos e comunidades para desenvolver programas de prevenção que visam fortalecer a resiliência, promover estratégias de enfrentamento saudáveis e reduzir o impacto de estressores (Caprara & Santos, 1999).
A formação sistêmica muitas vezes enfatiza também a sensibilidade cultural, reconhecendo a importância das crenças e práticas culturais na saúde mental. Em ambientes hospitalares, onde a diversidade cultural dos pacientes é comum, estes aspectos podem contribuir para a adesão mais rápida do paciente, bem como a elaboração da compreensão clínica do quadro do paciente. Permite também que os psicólogos identifiquem padrões familiares e de relacionamento que podem influenciar a saúde mental do paciente. Muitos aspectos da saúde mental estão interconectados com dinâmicas familiares, e a intervenção nesse nível pode ter um impacto significativo para a promoção de bem-estar, da saúde como um todo, e dos repertórios de cura e/ou adesão aos tratamentos crônicos, por exemplo.
Neste sentido, torna-se importante validar a formação sistêmica e como ela proporciona aos psicólogos da saúde ferramentas e perspectivas adicionais que são especialmente relevantes quando lidam com pacientes em contextos hospitalares complexos e da saúde em geral. Isso contribui para uma prática mais abrangente e integrada, promovendo uma compreensão mais completa dos fatores que influenciam a saúde mental dos pacientes (Costa, et. al., 2015).
Ao integrar esses aspectos, os psicólogos da saúde e hospitalares não apenas tratam problemas existentes, mas também desempenham um papel ativo na promoção da saúde mental e no fortalecimento de comportamentos e atitudes que contribuam para o bem-estar a longo prazo.
Essa abordagem proativa e integradora dos psicólogos da saúde e hospitalares reflete não apenas o compromisso com a resolução imediata de desafios emocionais, mas também a compreensão de que investir na prevenção e intervenção precoce é fundamental para cultivar comunidades mais saudáveis e resilientes. Ao capacitar os indivíduos e suas redes de apoio com estratégias eficazes de enfrentamento, informação e suporte emocional, esses profissionais não apenas aliviam o sofrimento presente, mas também contribuem para a construção de bases sólidas para a saúde mental contínua e o bem-estar duradouro de seus clientes. Dessa forma, a atuação dos psicólogos da saúde transcende as fronteiras do consultório, da clínica, dos hospitais, das redes de saúde, desempenhando um papel vital na construção de um ambiente mais compassivo e saudável para todos.
Autora: Andréa Batista Magalhães
Referências Bibliográficas
ALVES, R. F. (2011). org. Psicologia da saúde: teoria, intervenção e pesquisa [online]. Campina Grande: EDUEPB, 2011. 345 p. ISBN 978-85-7879-192-6.
BARROS-DELBEN, P., CRUZ, R. M., TREVISAN, K. R. R., GAI, M. J. P., CARVALHO, R. V. C., CARLOTTO, R. A. C., … MALLOY-DINIZ, L. F. (2020). Saúde mental em situação de emergência: COVID-19 [Ahead of print]. Revista Debates in Psychiatry, 10, 2-12. Recuperado de https://d494f813-3c95-463a-898c-ea1519530871.filesusr.com/ugd/c37608_e2757d5503104506b30e50caa6fa6aa7.pdf
MENDES, E. V. (2012). O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. / Eugênio Vilaça Mendes. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012. 512 p.: il.
LOPES, N. S. dos S.; SILVA, D. S.; REIS, V. L. M. dos; & SILVA, M. B. T. da (2022). A equipe interdisciplinar no contexto hospitalar. Revista Brasileira de Pós-Graduação, [S. l.], v. 17, n. 38, p. 1–20, 2022.
CAPRARA, A; FRANCO, A. S. A relação paciente-médico: para uma humanização da prática médica. In: Cadernos de Saúde Pública, v. 15, n. 3, p. 647-654, Rio de Janeiro, 1999.
COSTA, M. V. et al. (2015). Pró-Saúde e PET-Saúde como espaços de educação interprofissional. In: Interface: comunicação, saúde e educação, v. 19 Supl I: 709-20.