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Como falar sobre a morte com crianças e adolescentes

Abordar a questão da morte com crianças e adolescentes é um desafio importante, e uma perspectiva humanista-existencialista e fenomenológica pode oferecer uma abordagem valiosa para compreender e auxiliar nesse processo. Aqui estão algumas considerações sobre como você pode abordar esse tema de maneira eficaz, incorporando elementos lúdicos e outros aspectos importantes:

Reconhecimento da finitude humana:

Uma perspectiva humanista-existencialista enfatiza a importância de reconhecer a finitude da vida humana. Explique às crianças e adolescentes que a morte é uma parte natural da vida e que todos os seres vivos eventualmente morrem.

Abordagem fenomenológica:

A fenomenologia nos ensina a explorar a experiência subjetiva das crianças e adolescentes em relação à morte. Faça perguntas abertas e deixe que eles expressem seus sentimentos, pensamentos e preocupações sobre o assunto. Ouça atentamente suas experiências individuais.

Autenticidade e honestidade:

Uma abordagem humanista-existencialista enfatiza a autenticidade. Seja honesto ao responder às perguntas das crianças e adolescentes sobre a morte. Evite dar respostas simplistas ou enganosas, pois isso pode criar confusão ou medo.

Explorar a relação entre vida e morte:

Lembre-se de que “Falar de morte também é falar de vida”. Ajude as crianças e adolescentes a entenderem que a morte faz parte do ciclo da vida e que nossa compreensão da vida pode ser enriquecida pela reflexão sobre a morte.

Uso do lúdico:

Introduza elementos lúdicos ao abordar o tema da morte. Brincadeiras, jogos e atividades criativas podem ser maneiras eficazes de permitir que as crianças expressem seus sentimentos e pensamentos sobre a morte de maneira não ameaçadora.

Separar a dor do adulto:

Reconheça que a dor dos adultos pode às vezes ser projetada nas crianças. É importante ajudar os adultos a separar suas próprias emoções da experiência das crianças, permitindo que estas processem a morte de acordo com seu nível de compreensão e desenvolvimento emocional.

Traumas durante o COVID-19:

O que aconteceu durante a pandemia do COVID-19 pode ter reacendido algumas “feridas ainda não cicatrizadas”. Reconheça que a perda de entes queridos durante esse período pode ter sido especialmente difícil, e aborde essas experiências com sensibilidade.

A importância da família:

A família desempenha um papel crucial no acolhimento dos sentimentos das crianças e adolescentes. Encoraje a comunicação aberta e o apoio mútuo dentro da família durante o processo de luto.

A morte como um processo:

Para familiares que têm entes queridos em situações críticas, como UTI, explique que a morte não acontece de um dia para o outro, mas é um processo. Ajude-os a entender que a morte pode ser vista como uma transição e que é importante estar presente e apoiar o ente querido durante esse período.

Luto como um processo individual:

Mais do que simples ausência e vazio, o luto é um processo individual que deve ser vivenciado por cada pessoa a seu modo. Incentive as crianças, adolescentes e adultos a respeitar seus próprios ritmos de luto e a buscar apoio quando necessário.

Ao incorporar esses elementos, você pode criar uma abordagem mais completa e compassiva para discutir a morte com crianças, adolescentes e suas famílias, ajudando-os a compreender e lidar com essa parte inevitável da experiência humana.

Por fim e não menos importante

A verdade liberta:

Lembre-se sempre de ser sincero e não contar mentiras ou criar ideias fantasiosas ao falar sobre a morte de alguém. A verdade liberta. Embora possa ser difícil, a honestidade é essencial para que as crianças e adolescentes compreendam e processem a morte de maneira saudável. A mentira pode causar confusão e dificultar o processo de luto. Ao compartilhar a verdade com empatia e apoio, você ajuda a construir confiança e a promover um ambiente onde as emoções possam ser expressas de forma genuína.

Com esses princípios em mente, você estará fornecendo orientação sólida e compassiva ao abordar a questão da morte com crianças, adolescentes e suas famílias, permitindo que eles enfrentem esse aspecto inevitável da vida com compreensão e apoio adequados.

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As dores que não sofremos sozinhos

A primeira grande perda de nossa existência é o nascimento. De lá pra cá não paramos mais de perder, e de ganhar também. Perdemos ao nascer o conforto de nossa primeira morada, um útero quentinho e confortável com alimentação e oxigênio disponível para nossas mais elementares necessidades de sobrevivência, e ao nascermos, somos arremessados a um meio ambiente nem sempre agradável.

Perde-se dentes, cabelo, saúde e sossego. Perdemos a condição de filhos únicos, coleguinhas da escola, avós, animais de estimação, e todas as dores decorrentes dos lutos. Mas o que é o luto senão qualquer perda significativa ao longo de nosso ciclo vital. Qualquer. Tudo aquilo que é importante pra vida da gente, que temos afeto, apego, paixão…pode nos causar dor quando a vida arrebatada de adversidades nos toma tudo aquilo que acreditamos ter posse eterna.

E as dores do amor, então, cantada, poetizada, falada em arte e notas de violão que quando ouvidas tocam nossa memória afetiva nos fazendo chorar ao recordar um amor frustrado, alguém que nos deixou ou a paixão platônica que desejamos. Nada mais humano que o amor, presente em todos nós, independente de raça, gênero, sexo, cultura, condições econômicas, idade ou tempo.

E assim, nasce uma estrela, menina sensível e extremamente observadora das dores humanas, que ainda adolescente começou a verbalizar sentimentos universais que nos rasgam por dentro, nos enlouquecem, adoecem e também nos salva do tédio, da mesmice da vida cotidiana de nascer, crescer e morrer. E é essa vulnerabilidade humana que conecta Marília Mendonça a todos nós. A partir daí começamos a compreender o luto coletivo que ela nos deixou.

A perda de uma pessoa famosa provoca uma dor coletiva, decorrente de representação social do que somos e do que vivenciamos enquanto grupo. Marília era “gente como a gente” e isso gera identificação, quase uma intimidade entre o “nós e o ela”. Além do mais, as mortes inesperadas, decorrentes de tragédias nos impactam ainda mais e nos convidam a refletir sobre nossa própria finitude, nossas vidas opacas, sem brilhos e com pouca intensidade, causando incômodo, que quando refletidos de maneira saudável pode nos reconectar a uma vida mais rica de experiências e significados.

Morre com o ídolo a filha, a mãe, esposa, irmã, cidadã e com todos esses papéis, um pouquinho de cada um de nós que também desempenha múltiplos papéis sociais que deixa um vazio na vida de tantos outros seres. Alguns irão ainda, reviver lutos do passado, como se nunca tivesse passado, e ainda há aqueles a quem ainda não conseguem compreender tanta comoção, nem todos os lutos são válidos para quem ainda não se deu conta.

E como profissional da saúde mental deixo aqui a esperança de que somos capazes de suportar nossas dores, desde que a reconhecemos como parte de nosso caminho existencial, e não de todo um percurso. Que podemos chorar e gritar e correr, mas ainda sim enxergar outros significados pra viver, “extraindo rosas de pedras’ como fez Karina Fukumitsu. E se sozinho não for capaz, que a dor não seja paralisante, e que tenhamos a coragem de procurar ajuda profissional, o importante é superar.

 

*Sigrid Duarte, psicóloga, mestre em psicologia(UFAM), pós graduanda em suicídio e luto(-Instituto Suassuna GO), professora e supervisora clínica (Faculdade Cathedral da Amazônia.)

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Rita lee e a psicologia de suas canções

Além de sua carreira musical, Rita Lee também foi uma defensora dos direitos das mulheres e das minorias. Ela sempre foi franca sobre suas lutas pessoais com problemas de saúde mental, incluindo depressão e ansiedade, e usou sua plataforma para falar sobre a importância de buscar ajuda e cuidado psicológico.

O legado de Rita Lee para sua geração e para a cultura brasileira em geral é significativo. Ela ajudou a definir um estilo musical que mistura influências brasileiras e internacionais, abriu portas para as mulheres na música e na cultura pop em geral, e foi uma voz importante na luta pelos direitos das minorias e pela saúde mental.

 

Rita LEE e a psicologia

Rita Lee é uma das maiores artistas da música brasileira, que marcou gerações com suas canções irreverentes, divertidas e com um toque de crítica social. Muitas de suas músicas abordam questões psicológicas de forma sutil e poética, que podem ser relacionadas a diferentes perspectivas psicológicas. 

Aponto aqui, já com saudosismo, alguns possíveis paralelos entre sua música e o meu olhar psi…. ( e aceito mais pitacos..)

“Mania de Você”

A música “Mania de Você” aborda a temática do amor obsessivo, que pode ser relacionada à perspectiva psicológica da dependência emocional. A letra fala sobre a dificuldade de se livrar do sentimento de amor, mesmo quando ele se torna uma obsessão. A dependência emocional é um tema estudado pela psicologia e pode ser caracterizada pelo medo da solidão, pela busca constante de aprovação e pela necessidade de atenção do outro.

“Ovelha Negra”

A música “Ovelha Negra” fala sobre a questão da identidade, que é um tema importante para a perspectiva psicológica da psicologia social. A letra da música aborda a sensação de ser diferente e de não se encaixar nos padrões estabelecidos pela sociedade. A busca pela identidade é um processo que ocorre ao longo da vida e pode gerar conflitos internos, principalmente quando as expectativas da sociedade entram em conflito com as expectativas pessoais.

“Agora Só Falta Você”

“Agora Só Falta Você” é uma música que fala sobre a superação de uma separação amorosa, tema que pode ser relacionado à perspectiva psicológica da psicologia do desenvolvimento. A letra fala sobre a retomada do controle da própria vida após uma relação amorosa ter terminado. A psicologia do desenvolvimento estuda as mudanças e os desafios que ocorrem ao longo da vida, incluindo o processo de superação de situações difíceis.

“Saúde”

A música “Saúde” fala sobre a importância de cuidar da saúde mental, que é um tema estudado pela psicologia clínica. A letra fala sobre a necessidade de se cuidar da mente, mantendo pensamentos positivos e evitando a negatividade. A psicologia clínica trabalha com o tratamento de transtornos mentais e problemas emocionais, por meio de terapias e outros recursos.

“Desculpe o Auê” 

A música fala sobre a necessidade de se desculpar por coisas que não precisam de desculpas, o que pode estar relacionado à perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental, que busca identificar e mudar padrões de pensamento negativos e disfuncionais.

“Baila Comigo”:

A letra fala sobre a atração física e emocional entre duas pessoas, o que pode ser relacionado à perspectiva psicológica da Teoria do Apego, que estuda a conexão emocional entre pessoas e como isso influencia as relações.

“Mutante”

A música aborda a ideia de transformação e mudança, o que pode estar relacionado à perspectiva psicológica da Psicologia Humanista, que enfatiza a capacidade do indivíduo de crescer, mudar e se tornar a pessoa que deseja ser.

Essas são apenas algumas possíveis interpretações das músicas de Rita Lee a partir de diferentes perspectivas psicológicas. É importante lembrar que as interpretações podem variar de acordo com o contexto e a experiência individual de cada ouvinte. Espero seu pitaco!!!

 

Um pouco mais de história

Rita Lee nasceu em São Paulo em 1947 e começou sua carreira musical na década de 60, como vocalista da banda “Os Mutantes”. Com a banda, ela lançou vários álbuns icônicos que ajudaram a definir a cena musical brasileira da época.

Nos anos 70, Rita deixou Os Mutantes e iniciou uma carreira solo bem sucedida, lançando álbuns que misturavam rock, pop e outros estilos musicais. Suas letras muitas vezes abordavam temas como amor, liberdade, política e cultura popular.

Ao longo de sua carreira, Rita Lee tornou-se uma figura influente na música brasileira e um ícone cultural para muitas pessoas. Ela também foi uma das primeiras mulheres a conquistar destaque na cena musical brasileira dominada por homens.

Além de sua música, Rita Lee também se destacou por sua postura irreverente e engajada, tendo sido uma das primeiras artistas brasileiras a abertamente defender a causa LGBT e a questionar a repressão política durante a ditadura militar.

Seu legado musical e sua postura como artista revolucionária inspiraram várias gerações de músicos e artistas brasileiros, e ela é considerada até hoje uma das maiores vozes da música nacional. Sua influência e contribuição para a cultura brasileira jamais serão esquecidas.

 

O Processo de Luto

Sentimos muito pela notícia do falecimento de Rita Lee. Como mencionado anteriormente, ela foi uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira, tendo influenciado várias gerações com sua música e estilo único.

O luto é um momento muito importante e que deve ser respeitado. É uma reação natural e necessária diante da perda de alguém que amamos e que deixou uma marca significativa em nossas vidas.

Durante o período de luto, é importante que as pessoas tenham espaço para lidar com suas emoções, expressar seus sentimentos e encontrar formas de honrar e celebrar a vida da pessoa que faleceu. Cada indivíduo vivencia o luto de forma única, por isso é importante respeitar o tempo e o processo de cada um.

Além disso, é fundamental que haja apoio e suporte emocional para as pessoas que estão passando pelo luto, seja por meio de familiares, amigos, profissionais de saúde ou de organizações especializadas.

O falecimento de uma pessoa famosa como a Rita Lee também pode afetar muitas pessoas que se identificavam com sua música e trajetória. Nesses casos, é importante que as pessoas possam se expressar e encontrar formas de homenagear e lembrar da pessoa que se foi.

 

Se interessou pelo assunto né! Isso é fantástico!

Venha se aprofundar mais sobre esse tema tão delicado e necessário, convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a temática do luto. Acesse o nosso site ou entre em contato.

Venha transformar o futuro com o IS! 💚

Dr. Danilo Suassuna

CRP 09/3697

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Mitos e verdades sobre o luto

*O que é?

O luto é um sentimento de perda profunda e faz parte da vida. Você pode nunca ter vivenciado, mas certamente conhece alguém que já passou por esse processo. É doloroso, porém necessário e processual.

A perda pela morte não é a única que nos causa dor, ao longo de nossa existência sofremos diversas perdas que podem nos causar um luto. Sofremos por separações de quem amamos, perda de emprego, mudança de cidade, mudança de fase de vida como a transição da infância para a adolescência, morte de um bichinho de estimação e tudo aquilo que tem significado para cada um de nós, pode ser vivenciado como um luto.

Muito se fala, e como tem gente que fala na cabeça dos outros viu… Mas aqui, queremos que você olhe, atentamente para esse momento da vida e reflita sobre o que é realmente MITO e VERDADE sobre o tema

Para sanar algumas dúvidas, elencamos algumas curiosidades do Dr. Danilo Suassuna e Ms. Sigrid nos dá algumas perspectivas sobre o tema na tabela a seguir.

 

Mito

Verdade

o luto não é normal

o luto é um processo de perda natural a ser vivenciado

Devo passar por todas as fases do luto

luto não tem fase. Ele é vivenciado individualmente e cada um à seu modo

estou de luto e preciso de um especialista

o luto não é uma doença a ser tratada. Não é necessária ajuda profissional sempre. Sempre dependerá da intensidade vivenciada por cada pessoa e de como está afetando a funcionalidade da vida cotidiana

pessoa que está no processo de luto sempre chora

Chorar pouco ou não chorar mostra uma dominância das lágrimas e não da situação que se vivencia. A lágrima é uma das formas de se mostrar os sentimentos, a expressão da dor pode se manifestar em somatizações por todo o organismo

Não preciso de ajuda de ninguém

O ser humano é um ser de relação, por definição. Assim, estaremos sempre necessitando uns dos outros nos mais diversos momentos de nossas vidas. O luto é um deles

 

E então, deu para compreender mais sobre o tema? Aqui no Instituto Suassuna, no qual somos professores, tratamos essa temática em uma pós-graduação e, em dois anos, aumentamos seu conhecimento sobre o tema.

Caso queira saber mais, aqui vão outras bons esclarecimentos

*Existem fases do luto?

Não necessariamente !

Existe uma proposta, sob a ótica humanista existencial que aponta para o fato de que, cada um vivencia o luto a seu modo em seu tempo, e muitas vezes, sozinho. Isso não significa que a pessoa esteja desamparada ou sem ninguém por perto. Na verdade esse momento existencial deverá ser vivenciado, por cada um à sua maneira, assim, ressignificar o vazio que fica, o modo como ocorreu a perda e até os espaços físicos e psicológicos que ficam em aberto.

Por exemplo, uma familia que perde um ente querido… Cada elemento dessa familia terá uma forma diferente de elaborar seu luto e seguir ou não em frente.

Ainda assim, existem autores que apontam para fases do luto, o que não é muito a nossa pegada. Mas caso deseje saber aqui estao alguns exemplos.

Autores como Bowlby (1985) em seu livro “Perda, tristeza e depressão” discorre sobre quatro fases do luto: a) fase de choque ou entorpecimento; b) fase de desejo e busca da figura perdida; c) fase de desorganização e desespero; e d) fase de reorganização.

Já a autora Kübler-Ross (1996) em sua obra “Sobre a morte e o Morrer” apresenta cinco estágios percorridos durante o processo de morrer e reconciliação com a morte, elaborado através de entrevistas com pacientes em estado terminal de um hospital na cidade de Chicago na década de 1960, sobre os quais discorreremos a seguir.

Ressaltamos aqui, que o mais importante é você sempre respeitar seu tempo. O nome das fases do luto, bem como o número de fases, não vai diminuir a sua dor.

Todos nós temos nossas fortalezas internas, também conhecidas como resiliência, que nos torna competentes a enfrentar adversidades , buscando nos ajustar da melhor forma possível a tudo que possa vir a nos desequilibrar, e quando por algum motivo,não conseguimos esse ajustamento, podemos recorrer a um profissional que dará o suporte necessário para a “resolução” do luto.

Não tente caminhar no caminho de ninguém, seguir fases ou exemplos de pessoas que fizeram isso ou aquilo para superar esse momento. Se respeite! Só você sabe o tamanho da sua dor!

Venha se aprofundar mais sobre esse tema tão delicado e necessário, que exige do profissional de saúde mental uma compreensão abrangente desse fenômeno tão recorrente na vida de todas as pessoas. convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a nossa pós graduação em Suicídio e Luto. Acesse o nosso site ou entre em contato .

Venha transformar o futuro com o IS! 💚

Sigrid Gabriela Duarte

Graduada em psicologia PUC-GO

Especialista em suicídio e luto -IS

Gestalt-terapeuta-IGT-PR

Mestre em Psicologia-UFAM

E-mail: [email protected]

Dr. Danilo Suassuna

Doutor em Psicologia

CEO Instituto Suassuna

Solidão, luto

Luto e solidão

Quero ficar sozinho! Não quero falar com ninguém! Me deixe em paz!

São falas que, por vezes, você vai ouvir!

Autores importantes como Soares e Mautoni (2013, p. 17), afirmam que o luto “é um processo solitário e individual”. Mas isso é certo?

Cada indivíduo vivencia sua existência à seu modo. Então, temos que respeitar o modo de ser e de existir de cada um, sem ser chato ou ficar, desculpem minhas palavras, “cagando regra” na cabeça de ninguém!

Aqui no Instituto Suassuna temos uma pós graduação focada nesta temática. Então deixa te passar um pouco mais de contexto sobre esse tema.

Vamos entender esse fenômeno um pouco melhor, vem comigo!

Às vezes você terá dificuldade de conversar com alguém sobre luto ou sobre essa dor que está sentindo. Isso porque, falar sobre luto em nossa sociedade parece um tabu. Quase que um absurdo falar com alguém sobre esse tema, afinal ‘não vamos mexer nisso não, ele deve estar passando por momentos difíceis”. Mesmo que a morte seja um fato inexorável, sobre o qual não se tem controle algum, recai sobre a fragilidade humana o temor pelo desconhecido, o fim!

A saber, diferentes culturas acabam por dar uma série de significações e explicações diferentes a fim de que se sustente uma crença, seja na continuidade ou prolongamento da existência após o “fim da vida”. Desde o início da humanidade há registros sobre o modo como se lida com o tema da morte bem como as manifestações e sensibilidade do coletivo social na expressão dos sentimentos causados pela consciência da finitude.

Nos dias atuais, a morte “é empurrada mais e mais para os bastidores da vida social durante o impulso civilizador” (ELIAS, 2001: 19). Ou seja, acaba-se acreditando que este momento deva ser abafado, ou mesmo vivenciado de forma individual e cada um em seu “canto”.

um autor que admiro muito Ricoeur (1994) em sua obra La Souffrance nést pas la douler, aponta para o fato de que, o sofrimento quando se abate sobre alguém é sempre solitário e sempre inominável, porque incomunicável em sua perplexidade e extensão, o que faz de cada sofredor um sofredor, específico na sua irresolução e na sua incomunicabilidade. Para quem já assistiu o Harry Potter, costumo dizer que é algo parecido com o dementador. Tira suas energias e consome por dentro, sem que se saiba ao menos dizer o que está acontecendo.

Para alguns, é momento de tanta dificuldade que sente-se num duplo sofrimento. Primeiro pela perda de alguém tão importante, e por outro lado sente-se inadequado. Essa sensação de inadequação é acompanhada de dúvidas cruéis como: devo falar? o que falar? e se eu falar e…..?

Por vezes o social faz com que, aquele que sofre, economize-se em gestos e sentimentos, colocando-se [o social] como cego e surdo, diante daquele q sofre uma perda, quase sempre com o discurso de “melhor dar uma distraída nele para não pensar tanto nisso”. Assim, o enlutado acaba por escolher pela jornada do silencio, sendo este caminho o menos doido, frente a uma sociedade, por vezes, não acolhedora daquilo que nem eu sei dizer.

Ainda que em silencio, muito se guarda em um “fundo” de angústia, isolamento, sofrimento, por isso chamo a atenção, aqui, para o amparo social.

Mas calma ai! Isso não significa que você precisa conversar a toda hora sempre e em todo lugar sobre esse tema com a pessoa que sofre. Alto lá!

Ser acolhedor, amparar, cuidar, são palavras e atitudes que demandam uma escuta atenta. Exatamente. O melhor a se fazer é acolher, inclusive em silêncio. A pessoa enlutada precisa se sentir acolhida, e nada melhor que o silêncio, para que isso ocorra. Se der certo ela, em algum tempo, se sentirá segura, irá se entregar à essa possibilidade relacional e então conseguirá falar, sentir e realmente contar com você!

Deste modo, ressalto a importância da rede de apoio, pois, inevitavelmente este será um momento solitário e individual, mas que pode ser partilhado, inclusive em silencio, ao lado de alguém que confie muito

Em um poema de Drummond lembro de ver algo no sentido de que “a dor passa, mas não passa ter doido”

Adorei nosso papo ate aqui! me mande considerações e venha fazer parte de uma turma que trabalha com esse tema todo dia.

Aqui no Instituto Suassuna temos uma pós-graduação que cuida bem dessa temática.

Para saber mais sobre o tema, venha fazer parte de nossa pós graduação. Com mais de 400 horas de estudos práticos e supervisões, você terá acesso a profissionais com vasta experiência prática que lhe formam para lidar com o sofrimento humano, acolhendo e fazendo a diferença na vida de cada um que lhe procurar.

Suicídio e Luto, do Instituto Suassuna, tem carga horária de mais de 360 horas

Venha se aprofundar mais sobre esse tema tão delicado e necessário, convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a nossa pós graduação em Suicídio e Luto. Acesse o nosso site ou entre em contato.

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Dr. Danilo Suassuna

Doutor em Psicologia

CEO Instituto Suassuna

www.danilosuassuna.com.

Luto pelo animal, dono segurando a adorável coleira de estimação e chorando profundamente pela perda do animal.

Perdi meu pet, e agora?

Como lidar com o luto do pet? Dicas para superar o luto do animal de estimação

O vínculo estabelecido entre humanos e animais, sejam eles mamíferos ou não, vem se tornando cada vez maior. As expressões das emoções acabam por se intensificar e é sabido que a convivência com animais beneficia tais interações, independente da idade.

Para além da expressão das emoções pode-se perceber o vínculo de afeto estabelecido entre a pessoa e seu animal, que não obstante é denominado como “de estimação”. Ou seja, na raiz da palavra, percebe-se a estima que tem-se por esse ser que, mesmo não tendo comportamentos verbais entendíveis ao ser humano, parecem se comunicar por meio de gestos e olhares, por vezes traduzidos nesta relação afetiva.

Percebe-se que os animais desempenham funções importantes na vida dos indivíduos, que pra mim, pode-se traduzir, principalmente pela expressão e sensação de BEM ESTAR. Não quero aqui colocar nomes ou dar vazão aos sentimentos de uma ou outra pessoa, privilegiar um ou outro nome de sentimento, mas apontar a importância dessa relação em nosso dia a dia (evidentemente, para aqueles que gostam de pets).

Infelizmente, em nossa sociedade, por vezes o luto de proprietários adultos, de pets, não é reconhecido! Por vezes é tido como um luto não autorizado (Doka 1989) ou indevido. Muitas vezes espera-se, principalmente do adulto, que saiba lidar com esta perda ou com o rompimento desse vínculo como um “adulto”.

Traduzindo tudo isso, quero afirmar aqui que existe sim um vazio que surge com a morte do animal, e urge ser cuidado! O vínculo com os animais sempre serão singulares, o que nos leva a pensar que o cuidado, com o dono, também deve ser singular.

Quando estamos falando de nossos animais de estimação, não falamos apenas de um “bicho” qualquer. Referimo-nos a uma relação extremamente afetiva!

Embora a experiência do luto seja individual, é extremamente importante que alguns fatores, externos e internos, sejam respeitados:

Internos

  • Aceite seus sentimentos. Seja culpa, saudade, amor ou raiva, dê vazão aos seus sentimentos. Pode ser pela fala, ao compartilhar com alguém, ou no silêncio de uma aula de Muay Thai! coloque pra fora!

  • A dor é única e individual! Assim, respeite o tamanho da sua dor! Só você sabe da sua ligação afetiva com o animal.

  • Relembre bons momentos! Ao lembrar dos bons momentos a saudade aperta ainda mais, concordo. Mas só temos saudade do que foi bom. Permita-se reviver esses momentos, seja com vídeos, fotos ou mesmo com histórias engraçadas. Sei que deve ter um monte aí, vai…

  • Não se preocupe com as fases do luto, elas servem mais para distrair você do que te ajudar num processo de vivência do momento!

Externos

  • Apoio recebido por amigos e parentes;

  • Não julgamentos;

  • Escuta ativa as lembranças;

  • Decisão sobre como será o enterro ou cremação;

  • Nunca tente substituir um animal com outro, o luto deve ser vivido

  • Se houver velório, leve a criança e deixe com que ela se despeça. A despedida faz parte dos processos da vida!

Lembre-se que devemos cultivar relações saudáveis, cuidando de nós, do próximo como também de nossos animais de estimação. Assim, poderemos, juntos, caminhar para a finitude humana de forma mais saudável e menos traumática!

Se você gosta de ler, aí vai uma indicaçãoA morte é um dia que vale a pena viver. Esta obra de Ana Cláudia Quintana Arantes, publicada pela Sextante, traz uma perspectiva nova sobre um novo olhar para a vida.

Atualmente considerada uma das maiores referências em Cuidados Paliativos no Brasil, a autora aborda o tema da finitude sob um ângulo surpreendente. Segundo ela, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos nosso tempo da maneira que gostaríamos.

Para quem deseja saber, aqui vai uma curiosidade importante!

Você sabia que já tem até projeto de lei para esse assunto?

Existe um projeto de lei de autoria do deputado estadual Bruno Ganem (Podemos), o projeto de lei complementar nº 47/2021 propõe alterar a Lei nº 10.261, que dispõe sobre o estatuto dos funcionários públicos civis de São Paulo, a fim de considerar como de efetivo exercício o dia em que o funcionário estiver afastado do serviço devido à morte de um pet.

Neste documento tem-se a defesa de que o luto deva ser respeitado em todo seu âmbito, seja ele pela morte do cônjuge, bem como filhos, pais, irmãos dentre outras pessoas queridas para a família. Neste sentido, amplia a discussão para o enlutamento frente a perda de um animal de estimação.

Se interessou pelo assunto né! Isso é fantástico!

Para saber mais sobre o tema, venha fazer parte de nossa pós graduação. Com mais de 400 horas de estudos práticos e supervisões, você terá acesso a profissionais com vasta experiência prática que lhe formam para lidar com o sofrimento humano, acolhendo e fazendo a diferença na vida de cada um que lhe procurar.

Suicídio e Luto, do Instituto Suassuna, tem carga horária de mais de 360 horas

Venha se aprofundar mais sobre esse tema tão delicado e necessário, convidamos você a conhecer um pouco mais sobre a nossa pós graduação em Suicídio e Luto. Acesse o nosso site ou entre em contato .

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luto materno e paterno

Luto materno e paterno

Luto materno e paterno

Nossa tendência é acreditar que “evitar” a tristeza é uma forma de não senti-la. Mas a tristeza – por toda a vida – é inevitável e somente dando ATENÇÃO às feridas é que, de fato, poderemos curá-la.

Nesse post vamos falar sobre a dor do luto e de forma bem específica sobre o luto materno e paterno. –

Quando uma mãe perde um filho é imprescindível o apoio e suporte da família, porém é mais difícil ter esse suporte pois os parentes mais próximos também estão sofrendo e vivendo essa crise.

AOS PAIS QUE PERDEM O FILHO: não se afastem. Não tentem passar pelo luto sozinhos. “Não fomos feitos para atravessar crises sozinhos.”

Aceitem o colo. Aceitem os cuidados que virão de maneiras diversas e dentro das possibilidades de cada um de seus parentes e amigos. Entendam que, muitas vezes, algumas pessoas que amamos irão se afastar, pois não sabem o que fazer ou acreditam não poder ajudar efetivamente.

AOS FAMILIARES E AMIGOS: ouçam! Apenas ouçam e estejam atentos aos “sinais” que o casal possa dar. Dê-lhe tempo para expressar, lembrando que o tempo de luto é SINGULAR. Não há receita, não há prazo… Estejam por perto e deixem que os pais enlutados mostrem de quais cuidados estão precisando. RESPEITEM o formato do luto! O luto é algo tão intenso e íntimo, que vocês podem nem mesmo reconhecer os comportamentos dos pais, que também estão tentando se reestruturar. (Ou por algum tempo nem tentem se reestruturar!)

O SILÊNCIO é um bom recurso também. Ele é uma forma de estar presente, respeitar e, inclusive, ajudar a melhorar. OFEREÇA COLO. Sua presença é importante também, mas deve ser respeitosa. Avisar que está indo visitar é importante, pois muitas vezes os pais não querem receber visitas. –

Procure ENTENDER OS SENTIMENTOS dos pais. A raiva, os “porquês?”, a culpa e até mesmo a não aceitação são naturais no processo de luto. ACOLHA! Não se preocupe em encontrar razão no comportamento dos enlutados.

Especialmente a PERDA DE FILHOS é algo que tira toda a família do eixo por haver aí uma desordem do que acreditamos e entendemos como “normal”

 

KARLA CERÁVOLO
Psicóloga, coordenadora da pós de Psicologia Perinatal e Obstétrica.
@karla.ceravolo

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Luto Pet

Este escrito resultou de pesquisa realizada com pessoas que perderam seus animais de estimação em decorrência de morte. A sua realização teve como objetivo a compreensão do processo de enfrentamento do luto vivenciado por essas pessoas, ao experimentarem as perdas dos seus animais de estimação.

Para isso, valeu-se do enfoque qualitativo, empregando-se entrevistas semiestruturadas, e recorreu-se a fundamentos da teoria do apego, de John Bowlby, e das tarefas do luto, de W. Worden, para a análise dos dados colhidos.

Com base nessas referências, foi possível concluir que os participantes da pesquisa estabeleceram fortes vínculos de apego com seus animais de estimação, bastante semelhantes àqueles construídos com seres humanos.

Pode-se concluir que, devido a essas fortes vinculações, nas quais foram depositadas intensas expectativas de ordem afetiva, todos os processos de luto vivenciados por essas pessoas apresentaram características semelhantes àquelas presentes em processos de luto decorrentes da perda de pessoas significativas.

Artigo relacionado: Quando morre o animal de estimação: um estudo sobre luto

Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682019000100014

Autor: Márcia Núbia Fonseca Vieira

 

Autor: Leda Milazzo

ig autor: @ledamilazzopsi

Fonte: https://www.instagram.com/p/CYAJSDrMuQ4/

Couple pining after their relative at funeral

O Processo de Luto

Vivenciar o processo de luto como uma forma de expressão da dor causada pelo rompimento de um vínculo significativo, ou seja, um vínculo importante para a pessoa, é considerado esperado e necessário. Chamamos de processo, pois há um trabalho mental em busca de resolução de uma perda real ou simbólica que exigirá muito da pessoa enlutada. Segundo Bowlby (2004), o processo de luto reflete a frustração de uma necessidade básica de vinculação, que é manter a proximidade com uma figura significativa, bem como o romper de um significado de segurança na vida.

Sabemos que quando perdemos algo ou alguém muito importante costumamos sofrer. A intensidade do sofrimento pode variar de acordo com a força do vínculo que foi construído e precisamos compreender que cada pessoa vai experimentar e expressar o seu sofrimento à sua maneira. Quando a pessoa menospreza sua experiência do luto, pode sofrer consequências físicas e psíquicas, ou seja, pode sofrer com ansiedade, confusão mental, depressão, e até suicídio. Entretanto, luto não é uma doença, com isso, não se justifica intervenção para todos os casos. Parkes (1998) nos diz que o luto é uma manifestação de estresse emocional considerado normal frente a uma situação de rompimento de vínculo. Ou seja, o luto é um processo psicologicamente difícil e doloroso, e a maioria das pessoas vão passar por um processo normal de luto e se adaptar às perdas e suas consequências.

Algumas pessoas podem sofrer um luto antecipado, quando ela está vivendo uma possibilidade de perda, após receber um diagnóstico potencialmente fatal. Outras podem estar passando por um processo de luto intenso pela perda recente ou traumática. Algumas outras podem estar experimentando um processo de luto adiado comum em casos, por exemplo, em que a pessoa fica responsável pelo inventário.

Enquanto não finaliza todo o processo de divisão de bens, a pessoa se mantém recolhida em seus sentimentos e assim que finaliza o inventário, o sofrimento pela falta daquela pessoa vem à tona com toda intensidade, mesmo após anos da perda da pessoa, como se o velório tivesse sido ontem. Há também o caso de a pessoa estar experimentando um luto complicado. Este caracteriza-se quando a pessoa experimenta uma desorganização com sofrimento intenso e prolongado que a impede de retomar suas atividades com a qualidade anterior a perda (WORDEN, 1998). O enlutado vivenciando um luto complicado vai necessitar de um cuidado maior tanto das pessoas próximas, quanto de profissionais qualificados para auxiliá-lo na retomada de investimento nas situações necessárias para o enfrentamento da vida. Grupos de apoio, psicoterapia e conversas acolhedoras ajudam ao mostrar aos enlutados que as reações que experimentam, após a perda, fazem parte do processo de luto e que outras pessoas passam por situações parecidas.

Cristiane de Carvalho Neves – Especialista em Luto – CRP -09/5022
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Referências Bibliográficas:

BOWLBY, J. Separação – angústia e raiva. São Paulo: Martins Fontes, 2004. Vol. 2 da trilogia. (trad.)

PARKES, C. M. Luto – estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus, 1998. Novas buscas em psicoterapia, Vol.56 (trad.)

WORDEN, J. W. Terapia do luto – um manual para o profissional de saúde mental. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. (trad.)