TAB e sono

  • 28 jan

O Transtorno Afetivo Bipolar é um quadro que se caracteriza por variações de humor de amplitude maior do que as esperadas no resto da população. Todas as pessoas passam por variações de humor. A reação de ambiente, fatores genéticos, personalidade, temperamento e processamento cognitivo irá levar invariavelmente a uma resposta no humor. Os pacientes com TAB no entanto poderão passar por isso de forma mais intensa. Depressão caracteriza-se por episódios de menos vontade de realizar tarefas, perda de sentido e prazer em atividades antes prazerosas, sono exagerado, choro, sentimento de menor valia, desaceleração na atividade cognitiva, angústia, diminuição da libido, ideação suicida, negligência com o autocuidado, dificuldade de concentração, alucinações, problemas de memória e ansiedade.

A mania caracteriza-se por euforia, agitação, labilidade emocional, irritação, sentimentos de menor valia, desinibição, confusão, impulsividade, pressão de fala aumentada, pensamentos acelerados, hábito de assumir vários compromissos e não concluí-los, sintomas psicóticos, delírios e aumento da libido. Há uma séria diminuição na capacidade de dormir. O modo de se vestir pode ser alterado para roupas mais coloridas, mais joias, mais maquiagem ou roupas mais decotadas. A impulsividade por compras podem colocar em risco a saúde financeira do paciente.

Vários estressores podem levar o paciente a episódios depressivos, maníacos e inclusive mistos, com sintomas psicóticos ou não. Um fator estressor muito importante é justamente a privação de sono. Ou seja, a falta de sono além de ser um sintoma na mania ela pode piorar o quadro do paciente. Irritar neurônios nunca é uma boa ideia. E nada faz pelo cérebro o que uma noite boa de sono é capaz de fazer. O quadro se transforma em um efeito dominó quando o próprio TAB dificulta o sono. Normalizar o ciclo circadiano se torna um objetivo terapêutico importantíssimo. É durante as horas de sono que são produzidos neurotransmissores, substâncias produzidas pelo metabolismo são retiradas, novas conexões cerebrais são fixadas e o cérebro se prepara para o tempo da vigília.

 

Autor: Dr. Júlio R. Protásio

Médico Pós-Graduado em Psiquiatria

@drjulioprotasio

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